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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Uma pergunta cuja resposta ainda está por dar...


HOJE AO jantar dei por mim a tentar explicar à minha filha mais velha - que está no primeiro ano de Direito e que começa a ser "conquistada" pelo curso - as razões que motivaram, em 2004, Jorge Sampaio a dissolver  a Assembleia da República. "Mas não existia uma maioria parlamentar?", perguntava ela, ainda na "ressaca" da aula de Direito Constitucional que teve de manhã. Que sim, que havia e estável, respondi-lhe. E ela, é claro, insistia: "Então porque é que o Presidente dissolveu o Parlamento?". Pois é Maria Ana, excelente pergunta... É pena é que, nove anos volvidos, o responsável por essa dissolução ainda não tenha conseguido (ou querido) responder, ou seja justificá-la. Talvez por isso quando, durante a conversa, falámos sobre  os presidentes eleitos no pós-25 de Abril, não tivesse tido qualquer dúvida em apontar Sampaio como o pior de todos quantos passaram até agora pelo palácio de Belém. Pelo menos o mais desonesto política e intelectualmente!

Estão bem uns para os outros...


AINDA EM relação ao meu post anterior, a propósito daquela ideia imbecil que alguns rapazolas tiveram em enforcar um coelho para protestar contra o primeiro-ministro na Faculdade de Direito de Lisboa, leio hoje no "Público" que, à saída do auditório, Pedro Passos Coelho (ou)viu os militantes da JSD que o acompanhavam a entoar um despropositado e ridículo "SLB, SLB" numa tentativa vã de sobreporem-se às palavras de ordem anti-governamentais com que o chefe do governo foi mimoseado. A ser verdade, é caso para dizer, que estão bem uns para os outros...

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Uma questão de... bestas!

NÃO SEI quem teve a ideia peregrina de receber, em jeito de protesto, o primeiro-ministro na Faculdade de Direito de Lisboa com um coelho morto pendurado numa improvisada forca. Só sei que esse "alguém" - independentemente da justeza dos protestos que tiveram como palco a FDL - não passa de uma grandessísima e alternadíssima besta. Porque pendurar um coelho morto e andar a abaná-lo de um lado para o outro não é protestar - é pura e simplesmente alardear uma estupidez própria de um energúmeno. Alguma dúvida?

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Demora muito?


QUARENTA E oito horas após Miguel Relvas ter sido impedido de, a convite da TVI, discursar no encerramento de um evento que assinalava o aniversário daquele canal, continuo à espera de escutar os responsáveis daquela estação apresentarem publicamente desculpas ao ministro pelo ocorrido - isto independentemente dos juízos de valor que cada um possa fazer acerca do que ocorreu anteontem nas instalações do ISCTE.

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Pobre Lisboa!

EU SEI que até Macário Correia já foi candidato do PSD à Câmara de Lisboa. Lembro-me, é verdade, não estou a brincar! Como também me lembro que o inefável Carmona Rodrigues de má-memória também já liderou uma lista mal-amanhada por Marques Mendes, então à frente da S. Caetano e que só teve como objectivo tentar "matar" politicamente o seu antecessor no cargo de líder do PSD. Mas também me lembro que o PSD teve candidatos "à séria" como Marcelo Rebelo de Sousa e Pedro Santana Lopes - e aqui estamos (goste-se ou não de cada um deles) a falar de gente com peso, percurso e fundamentalmente com ideias. Um perdeu, outro ganhou uma vez e perdeu outra, mas uma coisa é certa: eram candidatos na verdadeira acepção da palavra, com programa, ideias, objectivos e sentido de serviço e dever público. Nenhum deles era um patetuço como esta criatura serôdia e parola, sem uma única ideia na cabeça   a não ser o das hipotéticas vantagens do "4-3-3" sobre o "3-4-2-1" no futebol e para quem a política é obviamente um meio e nunca um fim. Pobre e triste Lisboa! 

Conversa de pé de orelha...



NÃO SOU crítico literário, nem nunca terei pretensões de dar estrelas, polegares para cima e para baixo, notas ou coisas do género ao que vou lendo. Prefiro dividir os livros que leio (e são bastantes) entre os que gosto muito (contam-se pelos dedos das mãos - e dos pés, vá lá...); os que "'tá bem abelha"; os que quando acabo deixo exactamente no sítio onde estou, recusando-me a carregá-los mais um momento que seja, dando a chance que alguém - vá lá - lhes pegue; e os que, nem conseguindo acabar, escondo com medo que alguém vá ler aquela "coisa". Este último livro de Rita Ferro está obvia e claramente na primeira dessas "categorias". É preciso dizer mais alguma coisa? 

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

O "Carmona Rodrigues à moda do Porto"

ESTE AFÃ de uma pretensa elite portuense (que na sua maioria já está "mais p'ra lá do que p'ra cá"...), capitaneada pelo inefável Miguel Veiga, esse verdadeiro ás de pena célere e plagiadora, em tentar impedir que Luís Filipe Menezes suceda a Rui Rio à frente dos destinos da autarquia da Invicta só poderá ser cabalmente explicado por algum experimentado psicanalista, dado tudo o que envolve. Porque se é verdade que é perfeitamente admissível que possa existir quem não goste do dr. Menezes, não acredito que alguém intelectualmente honesto e no seu perfeito juízo não reconheça o extraordinário trabalho que este levou a cabo do outro lado do rio ao longo da última dúzia de anos. Eu percebo que ao dr. Veiga seja difícil pousar o copo e cruzar a ponte para, sem tropeçar, ver uma Vila Nova de Gaia que deixou de ser um pardieiro para se transformar numa cidade organizada, moderna e sustentada - até porque há muito que, entre dois goles de algum líquido mais inebriante, a criatura escolheu Menezes como seu ódio de estimação. Também percebo que outros, esses mais respeitáveis e intelectualmente válidos, não simpatizem com alguém que nunca precisou de lhes prestar vassalagem para ter um percurso político próprio. E vou mesmo mais longe: admito que à decadente burguesia da Foz lhe custe que alguém nascido em Ovar e que nunca passou pelos selectos bancos do Rosário, do Luso-Francês, do Alemão ou dos Carvalhos, seja o próximo presidente da antiga, mui nobre, sempre e invicta cidade do Porto, sem que para isso tenha precisado de ir ao beija-mão.
Mas daí a andarem praticamente sem dormir para conseguirem encontrar alguém que se preste a um papel obviamente triste e penoso de não a ser um "candidato a" mas sim um "candidato contra", é que começa a ser difícil de entender - tal como a aparente cumplicidade de um Paulo Portas, cujo carácter dúbio cada vez caracteriza um percurso marcado pela manhosice e deslealdade. Esse alguém parece mesmo ser o presidente da Associação Comercial do Porto a quem, para além de ser uma pessoa aparentemente estimável, e educada, propriamente não se lhe conhece currículo enquanto gestor ou político que lhe permita apresentar-se com credibilidade perante o eleitorado. No fundo, Rui Moreira, que está obviamente deslumbrado com a atenção e os holofotes que recaem sobre ele, vai ser assim uma espécie de "Carmona Rodrigues à moda do Porto" - ainda que, verdade seja dita, com um bocadinho de melhor aspecto. Mas isso não chega, n'é? 

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

As boas e más acções do dr. Ulrich


SINCERAMENTE SOU dos  que não fico nada chocado com o facto de Fernando Ulrich insistir em não pedir desculpas pelas, no mínimo desastradas, recentes declarações que têm agitado as redes sociais - quanto mais não seja porque se cada pessoa que dissesse uma imbecilidade da boca para fora, então em Portugal não se faria outra coisa senão andarmos a pedir desculpa uns aos outros... E vendo bem as coisas,  o dr. Ulrich nem ocupa qualquer cargo público e pode dizer o que muito bem lhe apetecer, até mesmo uma parvoíce como a que disse.
O que eu acho - isso sim! - é que o presidente-executivo do BPI deve um pedido de desculpa mas é aos accionistas do seu banco por, em Abril de 2006 e quando o BCP ofereceu 7 euros por acção, lhes ter garantido que as acções valiam muito mais, chegando mesmo ao ponto de ter  prometido uma distribuição de dividendos que nunca veio a existir. Sete anos depois, cada acção do BPI vale 1,2 euros e os accionistas continuam à espera, já não digo dos prometidos dividendos, mas de um óbvio pedido de desculpas por parte de quem lhes garantiu que cada acção valia mais do que os 7 euros que o BCP oferecia. Ou será que não tenho razão?

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Álvaro Cunhal: a propósito do seu centenário


A PRIMEIRA vez que tive oportunidade de ver de perto e trocar uma ou duas palavras de circunstância com o dr. Álvaro Cunhal foi em Havana, no aeroporto de Rancho Boyeros, quando acompanhando meu Pai que na altura desempenhava funções naquela capital, "surpreendemos" o líder comunista a desembarcar de um vôo da Aeroflot que o tinha trazido directamente de Lisboa. Tinha eu quatorze anos - estávamos em Novembro de 1975, poucos dias (ou mesmo horas...) depois de um dia 25 que, contrariamente a um outro de Abril, não lhe deve ter deixado grandes recordações. 
Ao longo dos anos e mercê da minha profissão de jornalista, cruzei-me algumas (poucas) vezes com o dr. Cunhal. Foi, salvo erro, numa campanha eleitoral no início do anos 90  que, pela primeira vez, vi o líder comunista "em acção", chamemos-lhe assim.  Estava em Castro Verde, juntamente com o Jorge Lemos Peixoto e o Augusto Baptista (o primeiro já "ex" e o segundo fervoroso e convicto militante da "causa") quando soubemos que Cunhal ali passaria, a caminho de  Mértola, onde faria um comício. Não foi difícil convencer os meus então colegas da velha  "Sábado" para rumarmos até lá, com um Augusto certamente mais discretamente entusiasmado que o Jorge, que já tinha dado há muito para aquele peditório. Em Mértola, o Augusto (excelente fotógrafo, diga-se de passagem, talvez um dos melhores com quem me cruzei em toda a minha vida!) foi a "chave" para que subíssemos para o pequeno palco do comício e acompanhássemos de perto um Cunhal que ele tratava com um íntimo tu cá-tu-lá, demonstrando uma intimidade que um sempre misterioso e enigmático Augusto nunca revelaria o mínimo detalhe. 
Acabado o comício lá seguimos por uma pequena alameda fora, lado a lado com um Cunhal aparentemente descontraído e que era saudado com uma estranha reverência por quem o interpelava, mas que  curiosamente também o tuteavam e até beijavam... O homem caminhava vigorosamente, pochette debaixo do braço, olhar prescrutante e visivelmente atento às nossas (mais à minhas, naturalmente...) reacções, um pouco como que testando-me.  A certa altura, virou-se na minha direcção e referindo-se ao (relativo) entusiasmo que rodeava a sua presença em terras mertolenses, disparou: "Isto não está nada mau, não acha?". Não sei que raio me passou pela cabeça, que dei por mim a responder-lhe de supetão e, convenhamos, pouco (ou nada) simpaticamente: "Para quem gosta sôtôr, para quem gosta...". Juro que mal tinha acabado de responder a Cunhal e só pedia que aparecesse um buraco para me enfiar, tal a gaffe que senti ter cometido. Não me perguntem qual foi sequer a reacção facial do líder do PCP perante a minha resposta porque eu arranjei maneira de desaparecer dali num ápice, meter-me no carro e só parar em Lisboa, tomado por um misto de vergonha, mas também (confesso) de algum deleite por me ter saído aquela "bojarda" da boca p'ra fora.
Mas esta não seria a minha única gaffe com o dr. Cunhal. Algum tempo depois, coube-me ir ocupar a direcção de Informação da Rádio Comercial, então ainda estatal e dentro do "universo RDP". Criei então, aos sábados pela manhã,  um programa intitulado "Prova dos Nove", que durava duas horas - a primeira em que eu entrevistava uma personalidade política; e a segunda em que um "painel" de comentadores colocava também questões ao convidado. As "negociações" para levar o dr. Cunhal aos estúdios da Sampaio e Pina duraram algumas semanas e não foram fáceis. Do lado lá, da Soeiro Pereira Gomes, o meu interlocutor era, salvo erro, o Jorge Cordoeiro, responsável pelo gabinete de imprensa do PCP que - e bem - discutia o mínimo detalhe, com especial atenção ao painel que naquela ocasião me acompanharia na entrevista ao seu líder. Depois de alguns dias de espera, veio o acordo aos três nomes que eu tinha indicado: Ricardo Leite Pinto e os jornalistas Rogério Rodrigues e o já referido Jorge Lemos Peixoto. Comentadores aceites, data agendada, tudo certo portanto. 
Lembro-me que no sábado em questão, cheguei à rádio por volta das dez da manhã, uma hora antes do programa começar. Estava no meu gabinete, revendo notas e ultimando os preparativos da entrevista, quando batem à porta e entra o Rui Onofre. Perguntará quem não sabe: quem é o Rui Onofre? Pois bem, o Rui era um antigo militante do PCP que, ainda jovem, tinha sido enviado para Moscovo para estudar e a quem, possivelmente, a realidade da pátria soviética tinha feito "abrir os olhos" (para uns), "renegar os ideais" (para outros) e converter-se num feroz e implacável crítico do comunismo. O Rui, boa pessoa, era desde há uns meses nosso correspondente em Moscovo, de onde - verdade seja dita... - enviava crónicas bastante equilibradas, ainda que se notasse de quando em quando uma certa vontade de ajustar contas com um passado que visivelmente o tinha marcado. Num segundo percebi tudo, principalmente a alhada em que estava metido... É que uma semana e tal antes antes ele tinha aparecido a despedir-se de mim, já que as suas férias estavam a terminar e iria regressar a Moscovo daí a dois ou três dias.  Numa conversa de circunstância, en passant, eu tinha-lhe referido que era uma pena que não estivesse em Lisboa quando o dr. Cunhal fosse ao "Prova dos Nove": "Se estivesses cá, punha-te no painel...", referi-lhe. A conversa tinha ficado por ali, não fosse Onofre ter ficado com a pulga atrás da orelha e adiado o regresso a Moscovo - isto sem que eu soubesse ou voltado a pôr-lhe a vista em cima. Até essa "maldita" manhã...
- "Então estás cá ainda?!"
- "Fiquei mais uns dias. Não me disse que era engraçado que eu participasse na entrevista ao Cunhal?", respondeu-me, deixando-me completamente "à nora" e sem saber como é que ia descalçar aquela bota...
Tinha três opções: a primeira, dizer ao rapaz que "nem pensar", que ele não me tinha avisado e que "agora é impossível". Mas custava-me fazer-lhe isso - percebia que ele ansiava por aquele momento. A segunda, era aguardar pelo dr. Cunhal e expôr-lha a situação, solicitando o seu agréement para a inclusão à última hora de um quarto integrante do "painel" - e era isso que devia ter feito, diga-se de passagem, ainda que adivinhasse a reacção, mais do que de Cunhal, a dos seus acompanhantes... A terceira, pela que optei, foi mandar montar mais um lugar e microfone no estúdio e... seja o que Deus quiser!
Dez ou quinze minutos antes do programa, recebi o dr. Cunhal à porta da Sampaio e Pina, cruzámos aquele longuíssimo corredor trocando algumas palavras de circunstância e lá entrámos no estúdio. Virado para a porta, eu tinha à minha esquerda e a uns dois metros de distância, Cunhal sentado numa outra mesa e, à minha direita, tinham lugar os comentadores convidados, Rui Onofre incluído. Os minutos iam passando, o início do programa aproximando-se e eu praticamente "rezando" para que o líder comunista não desse pela presença de um quarto comentador, muito menos que soubesse quem ele era. Já estávamos em pleno noticiário das onze, a pouco mais de um minuto do programa começar, quando o dr. Cunhal que até aí tinha estado a rabiscar umas notas, levantou a cabeça e se me dirigiu: "Ó José Paulo Fafe, pode chegar aqui um segundo?". Ai, pronto, já está... Lá me levantei, um olho no relógio, um ouvido no noticiário e a medo lá me aproximei da mesa do entrevistado. Falando baixinho, com uma expressão facial imperturbável, Cunhal disse-me serenamente: "Queria só dizer-lhe que neste estúdio, contrariamente ao que estava combinado, está presente uma pessoa a mais". Atrapalhado - claro - respondi-lhe de imediato: "Ó sr. dr., tem toda a razão, toda. Se quiser, essa pessoa sairá de imediato, não tem problema, a falha é minha...". Com um ar meio condescendente, mas com uma ironia bem visível, Cunhal arrumou a questão: "Não é preciso, só quero é que isso fique claro antes do programa começar!". Uff, claríssimo - quem nem água, como diria o outro... 
Já agora refira-se que na segunda hora do programa, quando Rui Onofre teve oportunidade de questionar o seu antigo líder (sim, porque na verdade ele via-o mais como isso que como qualquer outra coisa...) este não teve qualquer pejo de, com uma frieza impressionante (desculpa lá, ó Rui...) "desfazê-lo", trazendo mesmo à liça relatos tidos sete ou oito anos atrás num congresso em Almada com "um jovem que curiosamente me faz lembrar fisicamente muito o entrevistador que me colocou essa questão e que, vejam lá, defendia exactamente o contrário do que está implicitamente a defender na pergunta que me faz...".
Para terminar: tanto o dr. Cunhal como eu pertencemos aquele grupo que não fomos tocados pela fé, ainda que no seu baptismo (coisa que eu não tive), lá em Seia, a sua madrinha  tenha sido nada mais nada menos que... Nossa Senhora da Conceição. Mas apesar de ambos sermos agnósticos e se porventura existir um "lá em cima" e o histórico líder comunista ler este post, só me resta, muito respeitosa e sinceramente, dizer-lhe: "Desculpe lá qualquer coisinha, dr. Álvaro Cunhal"...

sábado, 2 de fevereiro de 2013

António Costa


DESDE MIÚDO que conheço (bem) António Costa. Não sendo propriamente amigo (até porque eu tenho aquela terrível tese que amigos, amigos nós temos na vida apenas uns quantos), é bastante mais do que um conhecido a quem tratamos por tu. Salvo erro, conhecemo-nos na casa do Estoril do impagável e sempre bem-disposto Arménio Ferreira, um médico luso-angolano que era uma personagem na verdadeira acepção do termo, de que os nossos pais eram amigos e que organizava umas festas de aniversário memoráveis - não devíamos ter então ainda dez anos. Convivi mais de perto com o "Babucha" (esse é o seu petit nom, para quem não saiba) anos mais tarde, já depois do 25 de Abril e quando coincidi com ele exactamente ao lado de quem liderava a "barricada" da defesa da democracia, leia-se Mário Soares. O António Costa vivia ali por detrás da Rua do Século, andava (salvo erro) no Pedro Nunes, passava os dias na sede socialista da Rua de S. Pedro de Alcântara e era destacadísimo militante da Juventude Socialista, de que nunca (curiosamente...) conseguiu ser líder, apesar de vontade nunca lhe ter faltado. 
Já andava na Faculdade de Direito, onde era dirigente associativo, quando o PS praticamente "partiu ao meio", com o chamado "ex-Secretariado", onde pontificava António Guterres que, no sótão de sua casa de Miraflores, liderou um grupo que decidiu apresentar um moção alternativa à de Mário Soares num congresso a "ferro e fogo" que teve lugar em 1981. Na altura, Costa optou por alinhar ao lado do grupo contestatário e dessa sua posição decidiu dar conhecimento a um, na altura, acossado Soares que, à sua maneira, lidava com a situação com aquele seu ar blazée que sempre o caracterizou até nas ocasiões mais difíceis. A conversa foi-me então contada pelo próprio António Costa já lá vão 30 (!) anos, mas eu nunca mais consegui esquecer a troca de palavras entre o então líder do PS e "a jovem promessa" (chamemos-lhe assim) a quem Soares sempre tinha depositado grandes esperanças:
- "Mário, queria dizer-lhe que decidi subscrever a moção do ex-secretariado",começou Costa
- "Ah sim, então resolveste assinar a moção dos gajos?", respondeu-lhe um Mário Soares que, ao seu jeito, fingia não dar muito importância à conversa que lhe era obviamente desagradável. E antes que o jovem Costa conseguisse explicar um motivo motivo que fosse para ficar do "outro lado", Soares colocou ponto final na conversa desta forma seca: "Pois é António, que chatice... Já viste? Deste cabo do teu futuro político por causa de uma caneta...".
Lembrei-me deste episódio quando vi, nos últimos dias, António Costa no vainãovai  para a corrida à liderança do PS, além de achar (claro!) que Mário Soares se enganou redondamente e que António Costa teve (e tem) muito futuro político - foi secretário de Estado, ministro duas ou três vezes, é presidente da Câmara de Lisboa, figura de proa do seu partido e potencial candidato a candidato a líder do PS, a primeiro-ministro e até 
a Presidente da República e tem, se não me engano, 51 anos e muito ainda para "correr". Agora o que me meteu impressão neste recente "folhetim" que teve o Largo do Rato como palco e o que me custa é ver como - nesta balbúrdia em que se transformou o Partido Socialista - Costa  lhe deu para assumir as dores de  um José Sócrates que nada tem a ver com ele e estar rodeado do pior do que esse "socratismo" já teve e onde até um inenarrável Lello (sem que seja publicamente desautorizado) se armou em seu porta-voz. 
O "Babucha" merecia mil vezes melhor...

O "tal de" dr. Franquelim e uma enorme falta de bom senso...

NUNCA VI (acho eu)  o nóvel secretário de Estado Franquelim Alves. Não se é gordo ou magro; alto ou baixo; simpático ou mal-encarado; como também não sei se é competente ou  incompetente.  O que sim sei é que de facto não lembra ao careca nomeá-lo para um cargo governamental, por muito capaz que ele possa ser e por poucas ou mesmo nenhumas culpas no cartório  possa ter tido no "dossier BPN" - não sei e para o caso, agora, também não me interessa. Mas num momento em que em termos comunicacionais, as coisas nem estavam a correr muito mal ao governo (com o "circo socialista" a dominar as atenções dos media, após uma boa prestação no já famoso "regresso aos mercados" e com as baterias apontadas a um cada vez mais desastrado Fernando Ulrich)), a nomeação do novo secretário de Estado do Empreendedorismo é um autêntico e verdadeiro "tiro no pé". E já agora, o dr. Franquelim devia ter tido o bom-senso de poupar mais estas dores de cabeça a quem (desastradamente) o convidou e, aos primeiros sinais desta mais do que previsível barrage, ter pura e simplesmente pedido escusa de assumir o cargo para o qual tinha sido indigitado. Mas não... o dr. Franquelim não resistiu e toca lá de vestir o fatinho de cerimónia e rumar ao palácio de Belém onde, depois de Cavaco lhe dar posse e em vez de estar calado, não resistiu aos microfones e a deitar umas patacoadas cá p'ra fora, garantindo estar "perfeitamente tranquilo" com a sua entrada para o governo e - mais... - definindo a sua passagem pelo grupo BPN como "uma falsa questão". É caso para dizer que com "amigos" (entenda-se "ajudantes") como este, Passos Coelhos não precisa de inimigos...