Os comentários a este blogue serão moderados pelo autor, reservando-se o mesmo a não reproduzir aqueles que pelo seu teor sejam considerados ofensivos ou contenham linguagem grosseira.

domingo, 27 de maio de 2012

Cavaco e os "casos"

EM SINGAPURA, o nosso Presidente da República resolveu descansar o País, comunicando solenemente que estava "atento" ao chamado "caso Relvas", como se não isso não fosse a sua obrigação. Escusado será dizer que Portugal respirou de alívio com tamanho cuidado do seu mais alto magistrado, até pela atenção que ele tem dedicado, desde há uns anos, ao "caso BPN". Mas já agora, também não seria má ideia que Cavaco Silva se mostrasse igualmente atento ao já denominado "caso Canals" que, a crer no que por aí se diz, é capaz de salpicar meio mundo e mais uns quantos. Vamos esperar para ver...

sábado, 26 de maio de 2012

Jornalismo português: sexta-feira negra...

O DIA de ontem reflecte bem o estado em que está o nosso jornalismo, tão ávido  em correr atrás de protagonismos e tão célere em "meter o rabinho entre as pernas" quando as coisas não lhes correm de feição. Três exemplos:

1. No programa "Quadratura do Círculo", Pacheco Pereira, alegadamente citando Jaime Gama, afirmou alto e bom som que "ou se tem poder para demitir os jornalistas ou dinheiro para os comprar(...)". Alguém viu (ou ouviu) o sempre lesto presidente do Sindicado dos Jornalistas, algum dos muitos "faróis" da ética deontológica que por aí pululam ou um desses conselhos de redacção atentos e vigilantes vir tecer armas em defesa da classe? Népias...

2. Belmiro de Azevedo, o proprietário do "Público", jornal que está no epicentro de um "caso" a que a componente interna não estará certamente alheia, não teve pejo de publica e objectivamente criticar o jornalismo que o "seu" jornal pratica - nomeadamente no chamado "folhetim Relvas". Alguém viu (ou ouviu) a directora ou o conselho de redacção tomar uma posição pública sobre as declarações do "patrão"? Era, "ó tomas"...

3. O semanário "Sol", que há uma semana tinha noticiado com honras de manchete o desmantelamento de uma rede de lavagem e branqueamento de capitais, logo que veio a público que uma das suas administradoras era sócia de um dos cabecilhas da citada rede, apressou-se a tentar, com um título rídiculo e acobardado ("Tiros no escuro"), desvalorizar a importância da notícia que o próprio jornal tinha dado uma semana antes e criticar "o lançamento indiscriminado de nomes na praça pública(...)". E logo o "Sol"... 

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Entradas de leão, saídas de sendeiro...



HÁ POUCO mais de um mês,  de forma precipitada e claramente a reboque dos interesses angolanos, o ministro português dos Negócios Estrangeiros apressou-se a tomar partido por uma das partes envolvidas no conflito guineense, mais concretamente pelo governo cessante liderado por Carlos Gomes Júnior. O tom, a pose e a extemporaniedade das declarações de Paulo Portas conduziram a que, passadas cinco semanas sob o golpe de estado e com a situação praticamente normalizada em Bissau, Portugal tenha ficado completamente à margem do processo e com o diálogo dificultado com as novas autoridades da Guiné-Bissau, país onde, recorde-se, residem cerca de 6 mil cidadãos nacionais... Em vez de desempenhar o papel que historicamente lhe cabia de interlocutor privilegiado entre as partes em conflito e abster-se em tomar partido por qualquer das partes, Portugal e a sua diplomacia preferiram entrar no perigoso "jogo" de quem possui claras tentações hegemónicas na região. É o que dá a precipitação e a vontade de agradar ao "primo rico"...

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Miguel Relvas


CONHEÇO JÁ há alguns anos Miguel Relvas. Não somos, nem nunca fomos, propriamente amigos, já estivemos mesmo de "candeias às avessas" durante algum tempo e penso que já foram mais as vezes que estivemos em lados opostos do que propriamente na mesma "trincheira". E é exactamente por conhecer Relvas já há bastante tempo, por lhe conhecer o "calo" que possui nestas coisas da política, por saber bem quanto a sua carreira e a sua sólida e sustentada ascensão na política esteve alicerçada na excelente relação que sempre manteve com a media e os jornalistas que não acredito numa única das sonsas e ridículas acusações  de pressão sobre jornalistas que, desde há dois ou três dias, atabalhoadamente lhe tentam fazer. Mas a alguém lhe passa pela cabeça que, alguma vez, Relvas tenha ameaçado "divulgar na internet a vida privada" desta ou daquela jornalista?! Ou que tenha sugerido que, se a jornalista "X" ou "Y" insistisse em perguntar-lhe isto ou aquilo, iria "decretar" um blackout governativo?! Por amor de Deus... Pode-se não gostar de Relvas, mas se há alguma coisa que ele não é... é parvo. E o que o "Público" - muito possivelmente para "exorcizar" algumas questiúnclas e divisões internas - quer fazer de todos nós com este "folhetim" de contornos bem duvidosos é... parvos. 

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Cautelas e caldos de galinha...

HÁ QUARENTA e três anos, em plena crise académica de 1969 e não fosse "o diabo tecê-las" (ou seja, não fosse escutar a maior vaia e pateada que houvesse memória...), o almirante Américo Thomaz decidiu não estar presente na final da Taça de Portugal que opôs a Académica ao Benfica. Foi a primeira vez que tal sucedeu, que é como quem diz que o chefe de Estado não se deslocou ao Estádio Nacional para entregar o troféu ao vencedor da competição... Agora, em 2012, o actual Presidente da República resolveu iniciar uma viagem oficial ao estrangeiro apenas um dia antes da final que se joga no próximo domingo, entre a Académica e o Sporting. Não é que Cavaco Silva faça lá alguma falta para os lados do Jamor, mas é por estas pequenas coisas que nós percebemos de que "massa" são feitas certas pessoas...

Clippings, sms's e afins...

DESDE HÁ alguns meses que amavelmente e por sua iniciativa o meu amigo Luís Cirilo envia-me diariamente, por mail, um boletim intitulado "Portuscale" e que mais não é que um clipping (chamemos-lhe assim) do que por aí se passa, nomeadamente a nível de matéria noticiosa surgida na internet. Mas desde que tenho visto o kafarnaum que o envio de semelhantes "relatórios" tem provocado cá no burgo (com idas de ministros a comissões parlamentares de inquérito e tudo...) e apesar do muito jeito que por vezes esse resumo diário me dá, estou tentado a pedir ao meu amigo Luís para que suspenda o seu envio - ainda por cima agora que ele foi  eleito vice-presidente do "seu" Vitória de Guimarães, com os naturais e lógicos "perigos" que o envolvimento no mundo do futebol implica para quem quer que seja. Sei lá se amanhã e se o árbitro "X" ou "Y" perdoar um penalti ao Guimarães ou coisa do género, não acabo a responder no Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol. Pelo sim, pelo não, se calhar o melhor mesmo é pedir ao Cirilo para deixar de mandar-me o "relatório"...

P.S. - E agora é que percebi porque é que ele não me respondeu aos dois últimos sms's que lhe mandei - um a dar-lhe os parabéns pela eleição e o outro a recomendar-lhe um médio-interior direito...

"Ê vida vã" by Zeca Baleiro

"Ê vida vã...
o jornal de hoje
é o papel de embrulho de amanhã"

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Uns e outros...

PARECE QUE é já amanhã que tem lugar o "Stockmarket", uma espécie de feira de pronto-a-vestir e onde serão vendidas peças com descontos que irão de 50 a 80 por cento. Segundo um dos serviços noticiosos da hora de almoço de uma das nossas televisões, esperam-se filas de mais de 300 metros e cerca de uma hora de espera para quem queira aceder ao recinto onde decorrerá esta promoção. Aguardo curioso os relatos dos lestos repórteres sobre os "episódios degradantes" que ali vão ocorrer, bem como os doutos e sábios comentários das luminárias cá do burgo acerca "iniciativa inacreditável" que os comerciantes irão levar a cabo. Ou será que dar e levar uns encontrões para comprar um casaquinho de marca em saldos de 60 ou 70 por cento é menos "degradante" que levar uma pisadela para comprar um quilo de arroz por metade do preço? 

terça-feira, 8 de maio de 2012

Uma no cravo, outra na ferradura...


HÁ POUCO mais de duas semanas e em protesto contra as medidas impostas por este governo, Manuel Alegre apressou-se a fazer um chinfrim dos diabos e a anunciar que não iria pôr os pés nas cerimónias oficiais do 25 de Abril que tiveram lugar na Assembleia da República. Mas ontem dava gosto vê-lo, ufano e contente, sorrisinho e mesuras (alegre, portanto...), ao lado do primeiro-ministro na cerimónia de entrega do "Prémio Leya"e aparentemente nada preocupado com os tais "valores de Abril" que segundo o inenarrável Lourenço e aquele grupinho que ainda o secunda, este governo anda a destruir. Convenhamos que, de vez em quando, um bocadinho de coerência não lhe ficava nada mal...

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Festa a dois...

PARECE QUE a vitória de François Hollande foi efusivamente celebrada lá para os lados do Largo do Rato, com os socialistas liderados por Tozé Seguro a "cavalgarem a onda" da vitória da esquerda nas presidenciais francesas e tentarem-na rentabilizar o mais e melhor possível. Mas por muito alegre que tenha sido esta noite no antigo palacete dos marqueses da Praia, ninguém me tira da cabeça que quem deve ter ficado mesmo contente com a vitória socialista em França foi, nada mais nada menos que... Passos Coelho, tal o alívio sentido com o previsível fim do malfadado eixo "franco-alemão" protagonizado pela dupla Merkel/Sarkozy e que tantas dores de cabeça tem provocado ao executivo português...

sexta-feira, 4 de maio de 2012

O futebol, os cromos e as coincidências...

APÓS ANOS de espinha dobrada perante o Futebol Clube do Porto, aquela criatura que ainda é presidente da Académica e é assim uma espécie de versão conimbricense do inenarrável João Bartolomeu tentou "passar a perna" a Pinto da Costa no negócio da transferência do jogador Éder. Resultado? A Académica nunca mais ganhou um jogo e está (infelizmente) em risco de descer de divisão... Uns quilómetros mais abaixo, em Leiria, também após quase uma vida como mandarete e aio de Pinto da Costa, o tal Bartolomeu que nunca teve vergonha na cara, resolveu trocar o Dragão pela Luz e Pinto da Costa por Luís Filipe Vieira, que este ano até lhe emprestou meia-dúzia de jogadores e tudo. O resultado também está à vista: a União de Leiria pura e simplesmente acabou... É preciso dizer (ou explicar) mais alguma coisa?

As aventuras da dra. Ana Gomes

ALGUÉM TEM  de explicar à euro-deputada Ana Gomes que o passaporte diplomático português a que tem direito dado ser embaixadora (embora na disponibilidade, dada as funções que exerce em Bruxelas) não é propriamente para ser usado como "expediente" para tentar entrar no Bahrein ou lá onde quer que seja ao serviço do Parlamento Europeu, especialmente quando as autoridades desse país a retêm na fronteira, impedindo-a de visitar um oposicionista detido. Vou mais longe: ao usar o passaporte diplomático português e não o documento que a acredita como membro do Parlamento Europeu, Ana Gomes, que viajava na sua condição de euro-deputada, tentou ludribiar as autoridades do Bahrein fazendo uso abusivo de um documento oficial que lhe foi atribuído pelo Estado português para seu uso particular e não propriamente para andar a visitar oposicionistas de países com os quais Portugal mantém relações diplomáticas. É assim tão difícil perceber?

A hipocrisia das luminárias

QUANDO VEJO, leio e oiço a maioria dos comentadores cá do burgo - "envelopados", eles nos blazers e elas nos casacos comprados a preços de saldos do El Corte Inglés ou na Loja das Meias, muitas vezes após alguns empurrões e horas de espera... - a insurgirem-se e perorar furiosamente contra o facto de uma cadeia de supermercados ter resolvido levar a cabo uma promoção onde, durante um dia, oferecia um desconto de 50 por cento em todos os seus produtos, percebo que de facto vivo num país de hipócritas.
Quando vejo, leio e oiço essas luminárias do pensamento nacional classificarem a lógica "corrida" a esses supermercados por parte de quem precisava, podia e queria poupar 50 por cento nas compras do mês como "um espectáculo degradante", dava tudo por tê-los visto e ouvido a dizer  isso mesmo, não nas rádios e nas televisões, mas cara a cara com quem na passada terça-feira acorreu às trezentas e muitas lojas que o "Pingo Doce " tem por esse País fora...
Só isso!