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domingo, 31 de julho de 2011

Brasil e a sua economia (Parte II)

CONTINUANDO A reflexão de José Dirceu sobre a dívida pública brasileira: "São recursos que poderiam ser investidos para pagar parte da dívida, ou para reduzir impostos, por exemplo, da exportação e da produção. Com isso, aumentaríamos duas vezes nossa a competitividade: de um lado, com a redução dos juros e dos impostos; de outro, com mais recursos para financiar novos investimentos em educação, inovação e em infraestrutura. Essa é a verdadeira questão da nossa economia. Claro, há o câmbio valorizado, mas a alta taxa de juros é a grande responsável por limitar nossa competitividade. Devemos analisar os fatos e os números. É fato que o Tesouro, no caso, a Secretaria do Tesouro Nacional (STN), tem administrado o acréscimo de endividamento com medidas positivas. O órgão tem aumentado o seu prazo médio; reduzido a dívida de curto prazo; substituído – gradualmente e sem desequilibrar o mercado de títulos públicos - os papéis remunerados pela Selic por outros com rentabilidade pré-fixada, ou vinculados a índices de preços; e tem mantido a construção de uma estrutura a termo das taxas de juros nos mercados interno e externo para ampliar a liquidez de seus papéis.
Tudo isso melhorou o estoque da dívida pública, reduzindo a participação dos papéis indexados à Selic, que representam quase 1/3 do total (algo em torno de R$ 550 bilhões), e permitirá uma maior eficácia aos efeitos da política monetária do Banco Central.
Mas o fato é que, no mandato da presidente Dilma Rousseff vencem 80% do estoque da dívida financiada à taxa Selic. A questão é como reduzir substancialmente o financiamento à taxa Selic e, assim, não destinar 6,2% do PIB para pagamento do serviço da dívida interna. E como desvincular o aumento dos juros, para efeito de política monetária, dos gastos do serviço da dívida interna."

Brasil e a sua economia (Parte I)

PARA QUEM pensa que o Brasil é o novo "Eldorado" e que a sua economia é uma fortaleza inexpugnável, aqui ficam estes dados objectivos e que são hoje revelados pelo insuspeito José Dirceu no seu blogue: "Os dados oficiais sobre o pagamento dos juros da dívida interna, apesar de a relação dívida - PIB ter caído de 40,2% para 39,7% no primeiro semestre deste ano - são alarmantes. O país paga o equivalente a 6,2% do PIB de juros da dívida interna. São R$ 119,7 bi. Isso mesmo, o dobro do que o Brasil investe e gasta em educação por ano. Esse volume de recursos está diretamente associado à alta taxa básica dos juros de nossa economia, no caso 12,50% ao ano. Como o governo emite títulos remunerados pela Selic - pré-fixados e por uma cesta de índices - pagamos uma média um pouco maior do que a Selic. Todo esse dinheiro sai do Orçamento Geral da União, ou seja, dos impostos que pagamos. Essa é a verdadeira questão da nossa economia. Claro, há o câmbio valorizado, mas a alta taxa de juros é a grande responsável por limitar a nossa competitividade".


sábado, 30 de julho de 2011

Banalidades presidenciais

A ENTREVISTA de Cavaco Silva ao primeiro caderno do "Expresso" é tão, tão desinteressante que, cinco minutos depois de passarmos os olhos pelas pretensas profundas e doutas reflexões presidenciais sobre a Europa, é difícil retermos o quer que seja.

Dilma: a vida não está fácil

COM POUCO mais de seis meses de mandato, a presidente brasileira Dilma Rousseff não tem tido uma vida fácil, tal o infindável número de "casos" que têm salpicado a sua curta estada no palácio do Planalto. Para além dos episódios que conduziram à demissão do seu "número dois" António Pallocci, do escândalo que levou à demissão do ministro dos Transportes, de alguma dificuldade em conseguir a "articulação política" da sua base de apoio no Congresso e das pouco subtis interferências do seu omnipresente antecessor Lula da Silva a nível político e partidário, agora foi a vez de Nelson Jobim, o ministro da Defesa "herdado" de Lula, vir a público confidenciar que, nas eleições que colocaram Dilma frente a José Serra, tinha votado neste último. Uma declaração que muitos entendem como um "amuo" de Jobim pelo facto de Dilma ter suspenso a polémica compra dos caças franceses "Rafalle" que ele (que já tinha sido ministro Fernando Henrique Cardoso) defendia com "unhas e dentes"...

O "atestado" de Soares


DA LONGA e interessante entrevista com Mário Soares que a revista do "Expresso" publica na sua edição de hoje, retive duas afirmações do antigo Presidente da República. A primeira sobre a primeira e grande característica que um político deve possuir: "Mais importante do que tudo, a coragem". A segunda, em resposta a uma pergunta que lhe foi colocada sobre a alegada inevitabilidade de Pedro Passos Coelho vir a tomar decisões que irão afectar muita gente: "Sabe que quando se tem um rumo tem de se seguir esse rumo, apesar das consequências. É assim em muitas coisas da vida. E da política". Duas afirmações (ou "recados"?) que se complementam e que fazem parte de um verdadeiro "atestado de simpatia e confiança" a Passos Coelho que é esta entrevista de um sempre surpreendente e lúcido Soares. A não perder!

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Que grande espalhanço...

TIDO POR ser uma estrela em ascenção no novo poder do Largo do Rato, o socialista António Braga não podia ter arranjado pior maneira para se estrear na primeira fila da bancada do PS no hemiciclo de S.Bento. Se era verdade que o seu nome estava em cima da mesa para poder vir a liderar o grupo parlamentar do partido agora comandado por António José Seguro, hoje Braga deve ter passado a ver essa hipótese "por um canudo", tal o tamanho da gaffe que protagonizou no debate quinzenal quando, desastrada e errsdamente, acusou Passos Coelho de faltar à verdade quando garantira que o governo tinha disponibilizado na internet um site com as nomeações do executivo. Então não é que o site existia mesmo e estava online , sujeitando-se Braga a um verdadeiro "enxovalho" dado, de ipad na mão, pelo centrista Nuno Magalhães?! Coitado...

O pândego

GOSTE-SE OU não de José António Saraiva, convenhamos que o arquitecto há muito convertido aos jornais é o que se chama em bom e escorreito português "um verdadeiro pândego". Conheço-o há anos (trinta, mais coisa menos coisa), já trabalhei com ele, não sou nem nunca fui seu amigo, já me irritei suficientemente com ele e também por sua causa, mas não me custa nada reconhecer que ele é, no bom sentido do termo, um "grande cromo", daqueles que normalmente são tidos por ser "os mais difíceis da colecção". Confesso que o arquitecto Saraiva é para mim, em sextas-feiras mais aborrecidas ou complicadas, um verdadeiro lenitivo, especialmente aquelas suas crónicas na "Tabu" e onde semanalmente perora sobre os temas mais inimagináveis, surripiando-me quase sempre uma simpática e até cúmplice gargalhada. E quando o assunto me interessa, chego mesmo a ler aquele seu super-lógico raciocínio quase aritmético no primeiro caderno do "Sol" e onde compassa as frases como que sublinhando um pensamento que, por muito que não pareça, é o expoente máximo do "politicamente correcto". E a minha "atracção" (salvo seja!) pelo arquitecto vai mesmo ao ponto de ainda o outro dia dar por mim especado à frente do televisor a assistir deliciado e atentamente às suas alucinantes respostas a Manuel Luís Goucha numa entrevista de quase uma hora e onde ele chegou a dissertar sobre a utilidade de uma mesa para o homem e para... o cão.
Vem tudo isto a propósito do seu "Política à sério" de hoje e onde Saraiva aborda o tema dos políticos que são simultaneamente comentadores nas TV's e nos jornais. E nesse tal raciocínio de contornos aritméticos, o director do "Sol" lá nos vai levando quatro colunas fora até dar-nos a sua opinião final e que no fundo se resume nisto: os políticos comentadores ou são políticos ou são comentadores. Que é como quem diz: ou comentam ou fazem política, as duas coisas é que não! Assim, sem mais nem menos... O curioso é que da meia-dúzia de exemplos que ele dá e com que ilustra o seu texto, pelo menos dois deles são ou foram seus colaboradores do "Sol", de que ele é director - Marcelo Rebelo de Sousa e Pedro Santana Lopes, já para não falar de Miguel Portas. É caso para dizer: se não existisse, tinha que ser inventado, este José António Saraiva!

Um exercício de memória...

A FUGAZ e desastrada passagem de Marques Mendes pela liderança do PSD ficou marcada pelas sucessivas demissões e abandonos na sua entourage, onde rara era a semana onde não surgia alguém a bater a porta e a manifestar a sua desilusão pela forma e estilo de Mendes enquanto líder da oposição. Se não estou em erro, em Janeiro de 2006, o primeiro a fazê-lo foi Pedro Passos Coelho, então "número três" do partido e que não hesitou em pleno Conselho Nacional em manifestar a sua "descrença" na liderança social-democrata e consequentemente demitir-se da direcção laranja. Será que esse facto tem alguma coisa a ver com o tom com que semanalmente Marques Mendes comenta a actualidade política na TVI? Será que Mendes sente alguma necessidade de "ajustar contas" com o seu antigo vice-presidente por esse motivo? Perguntar não ofende, pois não?

quinta-feira, 28 de julho de 2011

A Caixa, o Onix e o António do Pranto...

SERÁ QUE António do Pranto Nogueira Leite, nóvel administrador da Caixa Geral de Depósitos já renunciou às suas funções no Banco Onix, essa verdadeira referência do sistema bancário caboverdiano? Ou será que, na sua opinião, ambos os cargos são acumuláveis?

Secretas: duas breves notas

POR MUITO que puxe pela cabeça não consigo ver que mal é que vem ao mundo se for verdade que o governo pediu informações sobre um putativo candidato a integrar o executivo como secretário de Estado - no caso acerca de Bernardo Bairrão, que estaria indigitado para integrar a equipa de Miguel Macedo na Administração Interna. Bem antes pelo contrário... Aliás, o escrutínio antecipado de candidatos a ocuparem cargos de alta responsabilidade no Estado devia ser mesmo obrigatório, especiualmente para quem ocupa cargos mais "sensíveis", como por exemplo nos ministérios da Defesa, da Justiça, da Administração Interna e dos Negócios Estrangeiros. O meu único receio é que essa consulta - se é que existiu - tivesse sido feita informalmente, tipo telefonema para o amigo: "É pá vê lá se existe aí alguma coisa chata sobre fulano de tal...", em vez de ter sido efectuada de modo mais formal e seguindo as normas existentes.

AINDA SOBRE as "secretas"... Na manhã de domingo passado deliciei-me a ouvir José Adelino Maltês, em plena SIC Notícias, a questionar (ou insinuar...) as razões do desmedido interesse que o "Expresso" (o "jornal do patrão", como ele afirmou) tem dedicado a Jorge Silva Carvalho, o antigo director do SIED que recentemente trocou a chefia daquela "secreta" por um cargo no grupo Ongoing. Será que a anunciada privatização da RTP e o alegado interesse desse grupo nessa operação terá a ver alguma coisa com isso? Ou não passará de uma mera coincidência?


quarta-feira, 27 de julho de 2011

Razões do coração

O AMOR triunfa sempre... Que o digam os protagonistas do verdadeiro "folhetim" ao melhor estilo "Corin Tellado" que teve Guimarães 2012-Capital Europeia da Cultura como palco e alguns dos seus responsáveis como protagonistas - à excepção de Cristina Azevedo, verdadeira vítima de um tórrido romance que tem incendiado o "eixo Lisboa-Guimarães" e que, na prática, ditou o seu afastamento. Certamente na iminência de vir a ser padrinho de algum futuro enlace, Jorge Sampaio, o presidente do Conselho Geral, lá conseguiu promover e "encaixar" João Serra, o seu antigo chefe da Casa Civil nos tempos do palácio de Belém, a presidente do Conselho de Administração e este terá a oportunidade de propor já amanhã a cooptação de um elemento para esse mesmo órgão. Lá para as bandas do Minho, é tudo tão evidente que não existe quem queira apostar no nome de quem Serra irá propor aos seus pares... Será?!

domingo, 24 de julho de 2011

Pagava para ver!

INFELIZMENTE NÃO tive oportunidade de assistir ao comentário quinzenal de Pedro Santana Lopes, mas do resumo que me fizeram ficou-me a imagem de ver António Mexia à frente da Carris, Nogueira Leite nos comandos do Metro, Miguel Horta e Costa (mais o inseparável lencinho) na Refer - ou seja, os que normalmente são apontados como "excelentes gestores" à frente das empresas do Estado que são deficitárias e que vêm acumulando prejuízo anos após ano. Não sei se um cenário desse tipo seria do agrado das pessoas em causa (e de outras), mas que tinha alguma lógica à luz do interesse nacional, lá isso tinha...

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Verbo de encher?

ALGUÉM CONSEGUE explicar-me qual é o papel que Durão Barroso tem desempenhado em toda esta crise que assola a Europa? É impressão minha ou, cada vez que o oiço falar, dou por ele a repetir o que Angela Merkel disse umas horas antes?! Será que Durão, a meio do seu segundo mandato, perdeu "peso" na cena política europeia? Não acredito que, hoje em dia, o outrora aparentemente influente presidente da Comissão Europeia seja apenas um "verbo de encher". É impressão minha, não é?!

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Maldito Cupido...


ALGUÉM QUE conhece bem os meandros da surda batalha que está-se a travar no interior da estrutura que pretensamente organiza e coordena o projecto "Guimarães 2012- Capital Europeia da Cultura" contou-me hoje que os verdadeiros motivos que terão levado à tentativa de afastamento de Cristina Azevedo da liderança do projecto prendem-se basicamente com as ambições de uma outra senhora a quem Cupido, vindo da capital e atravessando serras e vales, bateu à porta e que, sentindo agora "as costas quentes", não se importava nada de acumular as funções que exerce na autarquia com as de líder da "Guimarães-2012". O amor é responsável por cada coisa, caramba...

segunda-feira, 18 de julho de 2011

O puxão de orelhas de Trichet

NEM DE propósito... Jean Claude Trichet, o presidente do Banco Central Europeu, resolveu dar um "puxão de orelhas" aos líderes europeus e sugerir-lhe "disciplina verbal", realçando a necessidade da Europa falar a uma só voz. Em Belém certamente há quem tenha "enfiado o barrete". Até ao pescoço...

Ó homem, cale-se!


EMBORA JÁ pouco me espante na actuação enquanto chefe de Estado de Cavaco Silva, confesso que o sua inusitada declaração pública de ontem em que defendeu a desvalorização do euro surpreendeu-me. Não acho curial que, na situação em que o País vive, dois ou três dias após o ministro das Finanças ter anunciado uma série de medidas destinadas a tentar fazer cumprir o acordo estabelecido com a troika e do próprio governo contar apenas com um mês de existência, o Presidente da República resolver dar "bitaites" enquanto economista, especialista em finanças públicas ou lá o que ele é, metendo-se no que não é chamado e objectivamente criando problemas ao primeiro-ministro que foi obrigado, visivelmente atrapalhado, a dar também a sua opinião publicamente. É pena que quando o País necessita que o Presidente fale, ele se cale e, por outro lado, quando é aconselhável que ele permaneça mudo, ele resolva meter-se onde não é chamado. Irra!

Mais vale tarde do que nunca...

CURIOSO E no mínimo sintomático como dois dos mais destacados "socráticos" (Fernando Serrasqueiro e Fernando Assis) saltaram nos últimos dias na defesa objectiva de Bernardo Bairrão em todo o processo que levou o antigo administrador da Media Capital a não integrar o governo de Passos Coelho. Será a forma encontrada para agradecer a posteriori a Bairrão o seu papel fundamental no afastamento de Manuela Moura Guedes dos ecrãs e o desaparecimento do "Jornal de Sexta" - essa constante "dor de cabeça" com que Sócrates teve de lidar meses a fio?

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Uma boa impressão


SE É verdade que não existe uma segunda oportunidade para causar uma boa impressão, o nóvel ministro das Finanças passou com nota positiva nesse "exame". Apesar de não ter propriamente sido um arauto de boas notícias ao anunciar o imposto extraordinário, Vítor Gaspar fê-lo com sobriedade, prudência, rigor, num estilo sem tiques professorais e deixando transparecer a responsabilidade que sabe pesar-lhe sobre os ombros. Acresce a tudo isso a garantia que me dá quem sabe acerca da sua independência relativamente a pretensos "gurus" das finanças públicas, estejam eles em Belém ou onde quer que seja. Oxalá não me engane...

Um ovo de colombo...


NO BRASIL, o uso indevido dos carros de função atribuídos às principais autoridades (ministros, secretários de Estado, governadores, senadores, juízes, procuradores, etc.) é alvo de uma fiscalização contínua por parte da opinião pública. Como? Fácil... As viaturas em causa estão perfeita e individualmente identificadas com os cargos oficiais desempenhados por quem nele é transportado e começa a ser difícil ir deixar as crianças ao colégio, passear ao fim-de-semana ou andar na boa-vaiela... Como Pedro Passos Coelho quer acabar com esse velho "forrobódó", aqui está uma boa solução. E não me venham com o argumento dos riscos para a segurança de um membro do governo ou ourro juíz ou procurador porque quem é considerado como "potencial alvo" pelas análise que é sistematicamente efectuada pelas autoridades tem direito a escolta policial. Uma coisa não tem a ver com a a outra...

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Um mês depois...

PASSOU-SE UM mês sobre as caluniosas insinuações da euro-deputada Ana Gomes acerca do novo ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros. E estranhamente, após a natural repercussão da polémica e da recusa do advogado Garcia Pereira em patrocinar Paulo Portas numa hipotética acção judicial contra a sua antiga camarada no MRPP, ainda ninguém percebeu em que é que tudo ficou. Em águas de bacalhau? Não acredito, tal a gravidade das inenarráveis insinuações de Ana Gomes...

A oliveira, o vereador e o técnico

LI ALGURES que a famosa oliveira que há uns dias, com pompa e circunstância, "virou" campa de José Saramago à porta da Casa dos Bicos está a secar. Mas descansem os que temem pela vida da árvore "transplantada" da terra natal do escritor lá para as bandas do Ribatejo: o vereador José Sá Fernandes já veio garantir que a Câmara Municipal de Lisboa envia diariamente um técnico para acompanhar a evolução da dita oliveira. Uff!

Durão Barroso e a sucessão de Cavaco Silva

A SEMPRE previsível Fátima Campos Ferreira terminou a entrevista com Durão Barroso na RTP-1 questionando-o acerca das suas disponibilidade e vontade para candidatar-se à Presidência da República, terminado que seja este segundo mandato à frente da Comissão Europeia. Barroso, claro, deu uma daquelas respostas que se dão nestas situações, invocando o seu actual cargo e o seu envolvimento pleno nos assuntos da Comissão para sequer pensar na hipótese de tentar suceder a Cavaco Silva no palácio de Belém. Aliás, não se esperaria outra resposta que não essa...
Porém eu sou daqueles que não acredita que Barroso seja candidato presidencial em 2015. E basicamente por duas razões: a primeira que se prende com o facto da sua "deserção" em 2004 da chefia do governo ainda lhe render suficientes "anti-corpos" em significativas faixas do eleitorado que à partida seria o seu; e em segundo lugar, porque a "agenda telefónica" com que Barroso sairá de Bruxelas em 2014 tem uma "validade" de três ou quatro anos e não será crível que alguém, suficientemente calculista como o presidente da Comissão, desperdice esse seu "capital" que qualquer grupo económico gostaria de ter entre os seus "activos". Veja-se, a título de exemplo, os casos de Bill Clinton ou Felipe González, ambos a trabalharem (principescamente remunerados, é óbvio!) para o multimilionário mexicano Carlos Slim. Mais: lembremo-nos que em 2015, Durão Barroso terá (só) 59 anos...

Nem um nem outro...

AINDA NÃO foi desta e apesar do ministro Paulo Portas ser o líder de um dos partidos da coligação que o Ministério dos Negócios Estrangeiros conseguiu concretizar um dos grandes sonhos do "aparelho" do palácio das Necessidades - colocar sob a sua alçada a AICEP, a entidade que superintende na captação do investimento estrangeiro e nas exportações portuguesas. Para evitar mais um episódio da interminável "guerra surda" que opõe os ministérios da Economia e dos Negócios Estrangeiros, o primeiro-ministro resolveu chamar à sua directa dependência o organismo até há poucas semanas dirigido pelo agora deputado socialista Basílio Horta.

Pedro Santana Lopes


CONFESSO QUE temi o pior quando, ontem de manhã, vi a capa da revista do "Expresso" onde Pedro Santana Lopes surgia com o neto ao colo. Não pela fotografia em si, muito menos pelo que o antigo primeiro-ministro pudesse ter confessado ao jornalista que com ele conversou sobre o seu "outro lado" - mas sim porque não foram poucas as vezes em que Santana Lopes bem se deve ter arrependido de ter às vezes (só) entreaberto a sua intimidade a alguns "artistas da pena". Mas, verdade seja dita, ao terminar de ler as duas páginas da "Única" assinadas pelo jornalista Bernardo Mendonça tive a certeza que aquele texto talvez tenha sido, até hoje, o que melhor define alguém que muitos teimam em inventar e apontar defeitos que não possui e a quem também se atribuem factos que nunca aconteceram e que objectivamente só o serviram para prejudicar e objectivamente assim beneficiar os protagonistas e artífices de estranhas e insólitas alianças que se formaram no nosso País.
A par de uma entrevista que em tempos Santana Lopes concedeu a Anabela Mota Ribeiro no extinto suplemento "DNA" do "Diário de Notícias", o texto - escrito na primeira pessoa - da revista do "Expresso" de ontem é talvez o trabalho jornalístico que melhor revela o verdadeiro Pedro Santana Lopes nas suas múltiplas facetas - enquanto homem, político, pai, "pai de pai" (como ele diz), no fundo como ser humano. Sem rancores (que podia ter - e muitos...), sem pieguices, com uma simplicidade e verdade notáveis, acreditem que está ali o único Pedro Santana Lopes que existe. Palavra de quem sabe! - passe a imodéstia...

domingo, 10 de julho de 2011

Jorge Sampaio: pé ante pé e como quem não quer a coisa...

APESAR DE aquele seu ar sonso, de quem não parte um prato e não faz mal a ninguém, Jorge Sampaio é daqueles que, de mansinho e na prática contrariando todas as bem-intencionadas declarações com que naquele seu ar pretensamente institucional e de auto-proclamada "reserva ético-moral da Nação" (ainda) consegue entrar na segunda parte dos telejornais, vai fazendo das suas... Saído de Belém e depois de discretas passagem pelos assuntos da tuberculose e pelo chamado "diálogo das civilizações", o dr. Sampaio foi "apanhado" agora a presidir aos destinos da Fundação Cidade de Guimarães, a entidade criada para gerir a "Capital Europeia da Cultura-2012". Mas enganem-se que a personagem em causa, apesar dos apertos em que o País vive, da reforma que aufere enquanto ex-chefe de Estado e dos rendimentos dos cargos que ocupa lá por fora, prescindiu de remuneração - não, longe disso, era só que faltava! Pé ante pé, como quem não quer a coisa, esse auto-proclamado vulto da ética republicana "empocha" mensalmente 14.300 euros, acrescido de senhas de presença no valor de 500 euros por cada reunião do Conselho de Administração da Fundação, isto para além de algumas mordomias como carro e telemóvel. Como diriam em Espanha: listo, este chico, verdad?

segunda-feira, 4 de julho de 2011

O palhaço


HÁ DEZ dias atrás escrevi que a Fernando Nobre só faltava mesmo o nariz vermelho para ser um palhaço. Hoje, ao saber da sua renúncia ao mandato de deputado, percebi que não precisa de qualquer nariz vermelho para ser um palhaço. Já o é, mesmo sem esse apêndice!

domingo, 3 de julho de 2011

O Presidente que gosta (muito) de dizer coisas...


ESTE SENHOR que está na fotografia e quer queiram quer não (eu não queria...) é Presidente da República começa a passar das marcas quanto à sua incontinência verbal e às suas parecenças com a famosa "prima do Solnado" - aquela que, contava o actor num do seus mais famosos sketches, "gostava muito de dizer coisas". Então não é que, dois dias apenas de ter vindo desastradamente a público caracterizar a situação do nosso País como "explosiva", o mesmo Cavaco Silva, com um ar pretensamente cândido, vem tentar emendar a mão afirmando que, afinal "a situação actual do nosso País não é uma fatalidade e os portugueses devem de facto, pensar isso mesmo: não é uma fatalidade". Começa a não existir grande paciência para aturar os dislates desta criatura. Ou será que, ele sim, é uma fatalidade para todos nós?

sábado, 2 de julho de 2011

O príncipe consorte

TAL COMO no futebol, na política existe também quem passe "ao lado de uma grande carreira". É o caso de Fernando Seara, eterno candidato a tudo o que é lugar, de ministro a secretário de Estado, de presidente da Câmara de Lisboa a líder do PSD (sim, sim, houve quem lhe metesse isso na cabeça...) e até de sucessor de Gilberto Madaíl a presidente do Benfica... Os anos vão passando e Seara não sai da cepa torta, ou seja, de presidente da Câmara de Sintra onde, quase três mandatos decorridos, já ganhou a alcunha do "tá bem, tá bem, vou tratar disso". Paralela e semanalmente vai exercendo a figura de compére num programa televisivo sobre futebol e onde, entre cúmplices piscares de olho e estranhos esgares aos seus parceiros, deixa uns imperceptíveis enigmas no ar que só o próprio aparentemente parece entender, o que lhe vai granjeando uma fama de "alegado inteligente"... Tirando o actual cargo que ocupa na autarquia de Sintra e que, por força da lei, vai ver-se obrigado a abandonar daqui a dois anos e pouco, esta personagem com contornos algo caricatos (para não dizer rídiculos...) e que certamente Eça retrataria sublimemente arrisca-se assim ficar na história apenas como príncipe-consorte, ou seja como "o marido da D.Judite". Sim, porque nos tempos que correm, ser a cara-metade de um rosto televisivo vale bem mais do que alguma vez ter sido secretário-geral de um CDS ao tempo de Adriano Moreira, professor auxiliar de uma ou duas universidades privadas, chefe de gabinete de um dos inúmeros ministros da Educação que temos tido ao longo das últimas décadas, discreto deputado ou mesmo uma dúzia de anos presidente da Câmara Municipal de Sintra, por acaso o concelho mais populoso do País...

As ameaças de Carvalho da Silva

A CRESCENTE radicalização do discurso de Manuel Carvalho da Silva relativamente a este governo que ainda não tomou posse há uma semana faz temer o pior... Os termos utilizados pelo líder da CGTP e as ameaças claras que as ruas serão o palco para a contestação ao anunciado imposto extraordinário "criado para lixar o povo" (sic.) levam a crer que, a partir de meados de Setembro, a agitação social vai intensificar-se. O que, convenhamos, com as imagens que diariamente nos chegam da Grécia, não augura nada de bom. Talvez não fosse má-ideia que o próprio Passos Coelho chamasse a si o diálogo com os parceiros sociais, "libertando" o seu naturalmente inexperiente ministro Álvaro Santos Pereira de tão espinhosa tarefa e concedendo a Carvalho da Silva e ao próprio João Proença um "estatuto" que, obviamente e por muito que não o reconheçam, distenderia o que tão tenso aparenta vir a ser. Lembremo-nos do que, há uns anos atrás, se passou entre Cavaco Silva e Torres Couto e que culminou naquele famoso "Porto de honra"...