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quinta-feira, 31 de março de 2011

Já agora...

PARECE QUE o Presidente da República vai finalmente(!) pronunciar-se hoje sobre a crise política através de uma comunicação ao País. Sendo mais que previsível o anúncio de eleições antecipadas, seria útil que Cavaco Silva aproveitasse o momento para explicar aos portugueses qual o motivo que o levou a descartar qualquer diligência para a formação de um governo com amplo apoio parlamentar.Era capaz de não ser má ideia...

Coincidência? Ou não?

GARANTE-ME QUEM diz saber que este corte brutal do rating dos principais bancos portugueses tem que se lhe diga... Parece que há cerca de um mês e em mais uma das suas manobras para evitar recorrer ao famigerado "fundo europeu" e impedir a entrada do FMI, José Sócrates conseguiu obter o compromisso do BCE em conceder um empréstimo (a um juro extremamente favorável) de 60 mil milhões de euros à banca portuguesa. Como contrapartida foram-lhe exigidas outras medidas de austeridade, ou seja, o já famoso "PEC IV" que veio a ser "chumbado" no Parlamento e que conduziu à demissão do governo. Curiosamente poucos dias depois, os bancos portugueses foram "arrasados" pelas agências de ranting, facto esse que até levou Ricardo Salgado a vir a público, num canal americano CNBC, a criticar duramente a oposição por ter contribuído para a queda do governo. De facto existem coincidências... Ou não?

quarta-feira, 30 de março de 2011

Detalhes

AS IMAGENS que as televisões mostraram ontem do Conselho Nacional do PSD não foram propriamente as mais adequadas. O comportamento demasiado extrovertido (para não dizer esfuziante) dos conselheiros social-democratas, dificilmente escondendo um optimismo que às vezes poderá ser confundido com um pouco oportuno "apetite", não se coaduna propriamente com a postura serena, responsável e de Estado de que os responsáveis "laranjas" tanto se ufanam. E já agora, não resisto a chamar a atenção para um detalhe que, não sendo mais que um detalhe, demonstra muita coisa - quanto mais não seja falta de respeito... É que à entrada, enquanto Pedro Passos Coelho prestava declarações às TV's, a barulheira das conversas e gargalhadas feita pelos conselheiros era tanta que o líder social democrata teve de subir o tom de voz para sobrepor-se à galhofa que tinha como "fundo" e assim ser ouvido. Convenhamos que não é normal!

José Alencar: um homem vale pelo que é...




É DIFÍCIL explicar o que José Alencar significava para o Brasil. Acho que mais do que nada, a forma verdadeiramente extraordinária como, nos últimos anos, o antigo vice-presidente de Lula enfrentou a doença que teimava em não largá-lo, foi um exemplo do optimismo com que se pode enfrentar a vida (e neste caso a morte...), mesmo em momentos em que o futuro não se afigura minimamente prometedor. "Zé Alencar", filho de sô António e D. Dolores, era uma personalidade que exercia um enorme fascínio sobre quem o rodeava e conhecia. Cativante como poucos, dotado de um bom-senso inigualável, foi essencial na eleição de Lula como presidente, ao aceitar (para surpresa de muitos!) ser seu "vice" na candidatura ao palácio do Planalto. Empresário de sucesso, dono da influente e poderosíssima Coteminas, "Zé Alencar" foi certamente o mais unânime e consagrado vice-presidente da história do Brasil. E como ele próprio dizia, "o mais importante de tudo é ter fé - fé na vida, no homem e... no que virá". Este filme, concebido por Duda Mendonça para uma cerimónia com que a FIESP o decidiu homenagear recentemente , mostra bem o homem simples e incomparavelmente optimista que era "Zé Alencar"...

O seu a seu dono!

SÓ HOJE consegui assistir à entrevista que a presidente Dilma Rousseff concedeu à SIC e que foi transmitida há dois ou três dias. E não é pelo facto de não nutrir qualquer simpatia por Miguel Sousa Tavares (com quem estou há anos de relações cortadas, "situação" essa em que me sinto bastante confortável...) que posso deixar de assinalar a forma notável como conduziu a entrevista, exibindo um conhecimento e um à-vontade que normalmente falta à esmagadora maioria de quem julga que ler duas ou três fichas uns minutos chega para fazer uma boa entrevista. Indiscutivelmente, uma entrevista "nota dez"!

terça-feira, 29 de março de 2011

Arre que é burro!

NUNCA TIVE grande impressão de Vasco Lourenço, para mim mais "cromo" do que propriamente "capitão de Abril". A ânsia de protagonismo que visivelmente o move, aquele insaciável apetite em reivindicar na nossa História recente papéis que nunca desempenhou (como foi o caso do 25 de Novembro), a notória tendência para a "parvoeira" e que se traduzem regularmente em declarações imbecis e estapafúrdias, nunca contribuíram para que o tivesse em grande conta. Vou mais longe: acho mesmo que muito de uma certa desconfiança em relação aos militares que estiveram envolvidos no 25 de Abril que existe nalguns sectores da nossa sociedade deve-se em grande parte a um tipo de actuação como a que Lourenço desempenhou nestes últimos trinta e tal anos, armado em "herdeiro" dos chamados "ideiais de Abril" e, paralelamente, à conta disso tentar "fazer pela vidinha". Mas ser parvo é uma coisa - a outra é ser burro... E hoje ao fim da tarde, ao escutar a TSF, percebi que Vasco Lourenço era mesmo burro, quando o ouvi a debitar uma série infindável de asneiras quando confrontado com o facto da Assembleia da República - pelo facto de estar dissolvida... - não ir promover a habitual sessão solene comemorativa do 25 de Abril. Pois Lourenço, durante minutos intermináveis, resolveu fazer uma "leitura política" desse facto e inventar uma série de culpados e "inimigos de Abril" pela data não ser comemorada este ano no Parlamento, sem ter percebido que no dia 25 de Abril, por via da dissolução, pura e simplesmente, não há Assembleia da República... Chiça, que além de parvo, o homem é mesmo burro!

segunda-feira, 28 de março de 2011

Lula


...by Duda Mendonça (2001)

Um exemplo de populismo pacóvio

NOS ÚLTIMOS dias, num daqueles cada vez mais frequentes "surtos populistas" que os nossos jornais sofrem, a notícia que Armando Vara teria recebido cerca de 600 ou 800 mil euros (não cheguei a perceber exactamente quanto) por conta dos seus honorários enquanto vice-presidente do Millenniumbcp teve um inusitado destaque, até mesmo com honras de manchete e tudo num dos auto-intitulados "jornais de referência" cá do burgo. Como já aqui uma vez afirmei, não conheço Vara de nenhum lado, jamais sequer troquei um "bom dia" ou "boa tarde" com ele e é muito (mas muito, mesmo!) mais o que nos separa que o que porventura nos possa unir. Mas esse facto, não me coíbe de achar estranho (para não dizer patético) a atenção algo pacóvia que uma decisão interna e legítima de um banco privado - repito privado - possa merecer de algum jornal, quase em tons de incendiário apelo à indignação geral. Se os accionistas do banco quiserem questionar as razões e motivos que levou a administração a pagar os honorários devidos ao seu vice-presidente que entretanto tinha suspendido funções estão no seu pleno direito; agora, esta de jornalistas armados e auto-proclamados guardiões sabe-se lá de qual ética virem a terreiuro noticiar com foros de escândalo uma decisão interna de um banco, volto a repetir, privado, "não lembra nem ao careca"! Mais: é triste...

Curto...

UM AMIGO chamou ontem a minha atenção para a nota biográfica que Pedro Passos Coelho fez publicar no site oficial do PSD. Embora tendo claramente um vantagem sobre outros curriculums que por aí pululam e que até já levaram ao encerramento compulsivo de universidades (!), convenhamos que para quem se assume como candidato a primeiro-ministro, a biografia é, no mínimo, "escassa", para não dizer curta ou mesmo "pobrezinha"... E já agora: a que se deverá a omissão relativa ao facto de ter presidido à JSD? Para que não restem dúvidas, aqui fica o copy+paste feito do site oficial da S. Caetano:
"Pedro Passos Coelho nasceu em Coimbra, em 1964. Viveu a sua infância em Angola, África, regressando aos 9 anos de idade a Vila Real. Foi nesta cidade do norte de Portugal que passou toda a sua adolescência. Casado, é pai de três filhas e reside em Lisboa. Concluiu a sua Licenciatura em Economia, pela Universidade Lusíada de Lisboa. Desde cedo, se envolveu no mundo da política. Durante cinco anos, foi membro do Conselho Nacional da Juventude Social Democrata.

Em 1991, desempenha as funções de vice-presidente e porta-voz do Partido Social Democrata (PSD), na Assembleia da República (Parlamento). Foi ainda vereador na Câmara Municipal da Amadora, entre 1997 e 2001. Durante este período funda também o “Movimento Pensar Portugal”.
 Na última década, conciliou a gestão de empresas – recentemente no campo da energia e ambiente - com a docência em Economia e com a Presidência da Assembleia Municipal de Vila Real, pelo PSD.

Em 2008, funda a Plataforma de Reflexão Estratégica - Construir Ideias – para a análise e debate dos temas da agenda do país. Candidata-se à Presidência do PSD, nas eleições directas de Maio, conquistando o segundo lugar. No mês seguinte, é eleito membro do Conselho Nacional do PSD.

Em 2010, candidata-se de novo à Presidência do PSD, vencendo com a maioria histórica de 61%, nas eleições internas mais participadas de sempre do Partido Social Democrata".

domingo, 27 de março de 2011

As verdades são para se dizer...

A RECENTE entrevista de uma das vítimas do "processo Casa Pia" ao "Expresso" e em que vem garantir que muito do que foi afirmado, tanto no inquérito policial como posteriormente em Tribunal, foi "inventado" é muito (mas mesmo muito!) preocupante... Como é igualmente preocupante a insinuação que Ilídio Marques faz relativamente a algumas "pressões" que recebeu para apontar este ou aquele, bem como o que conta sobre o estranho desaparecimento e destino de páginas de um processo que estava em segredo de justiça que ele entregou a Catalina Pestana, uma personagem em todo este "folhetim" que cada vez mais assume um papel mais estranho e complexo.
Só para terminar: admito que tenha existido muito boa gente que tenha "torcido o nariz" quando recentemente o famigerado "Bibi" surgiu a dar o dito por não dito - algo mais do que compreensível, até devido à personalidade algo psicopata de Carlos Silvino. Mas agora, desta vez, há dois factores que eu sou obrigado a ter em conta e que, de algum modo, me asseguram essa credibilidade que parecem-me possuir as declarações do tal Ilídio Marques: o facto de, com estas declarações, o jovem em causa, na prática, deixar de ter direito a receber a indemnização de 25 mil euros que o Tribunal condenou o advogado Hugo Marçal a pagar-lhe; e o facto do jornalista do "Expresso" que assistiu à entrevista gravada e filmada por um jornalista free lancer chamar-se Rui Gustavo - alguém com quem trabalhei alguns anos e de quem tenho a melhor das impressões profissional e pessoal, considerando-o mesmo como um dos jornalistas mais sérios e éticamente responsáveis da sua geração. As verdades são para se dizer, n'é?

A dra. Maria e as suas "pérolas"...

UMA VERDADEIRA "pérola", a observação que Maria Cavaco Silva faz no depoimento que prestou à jornalista Alberta Marques Fernandes para o livro "As Primeiras Damas" e que foi recentemente publicado: "O meu casamento não é de conveniência, nem de fachada. É um casamento de amor". Lê-se e não se acredita, até porque uma afirmação dessa índole e calibre só se justificaria se alguém alguma vez tivesse duvidado disso - e nunca aconteceu; se a omnipresente dra. Maria tivesse dons de adivinhação e há quase meio-século atrás quando trocou alianças com o "seu" Aníbal já o visse de casaca e faixa presidencial envergada; ou então (e isso é mais grave...) pretendeu insinuar que algum das outras três antigas primeiras-damas cujo perfil é traçado no livro (Manuela Ramalho Eanes, Maria de Jesus Soares ou Maria José Ritta) casaram por interesse. É caso para dizer: "das três (hipóteses), uma..."

Alguém adivinha?

ACABEI DE ler a entrevista que António Capucho ao "Diário de Notícias" de hoje e fui "assaltado" por uma dúvida... Qual será a atitude que o actual Presidente da República tomará se, na sequência das mais que previsíveis eleições antecipadas, não for possível formar um governo com maioria parlamentar? Será que Cavaco Silva continuará a assobiar para o lado ou tirará as devidas consequências da irresponsabilidade que cometeu ao convocar eleições sem que antes tentasse (ao menos) encontrar outras soluções?

Porque no te callas?

AQUELE INSACIÁVEL apetite por aparecer em tudo o que é lado, aquele inebriante fascínio por "botar faladura" logo que vislumbra uma câmera ou microfone por perto, tinha que, mais tarde ou mais cedo, acabar mal para Rogério Alves, porventura o maior "pavão" que nos últimos anos, a propósito e a despropósito, nos invade as casas a falar a propósito de tudo e de nada. Ontem, porventura convicto que tinha sido eleito presidente da Assembleia Geral do Sporting e que a lista para o Conselho Directivo que apoiava tinha sido derrotada, apressou-se a vir felicitar Bruno de Carvalho como novo presidente do clube e assim "carimbar" perante aquela horda de seus seguidores que "cercavam" a entrada do estádio a vitória daquele que afinal viria a perder as eleições. Agora imaginem o que é explicar aquela gente que aquilo que "aquele senhor lá da TV" disse, afinal era tudo ao contrário. Pode ser que o dr. Alves agora aprenda que há momentos que mais vale estar calado, especialmente agora que, no fim de contas e contrariamente a Godinho Lopes, não foi eleito presidente da Assembleia Geral do clube, tendo sido derrotado por Eduardo Barroso...

BRIIIIIIIIOOOOOOOOOSA!


DAQUI A umas horas, a partir das seis da tarde, estarei colado à televisão a torcer sem limites para que, em Coimbra, a "minha" Académica elimine o Vitória de Guimarães e assegure a presença na final da Taça de Portugal. Seria a terceira vez que teria a oportunidade de ver o meu clube subir ao relvado do Jamor (depois das finais perdidas contra o Vitória de Setúbal e Benfica no final dos anos sessenta) e tentar reconquistar o troféu que em 1939, na sua primeira edição, a "Briosa" conquistou. E como dizem que "à terceira é de vez", esperança é coisa que não me falta. Apesar da Académica ter perdido quase toda a sua identidade, de ter como presidente alguém que não tem vergonha na cara, de pouco ou nada ter a ver com a "Briosa" de outros tempos, citando alguém a quem li ontem num qualquer jornal, "o coração tem razões..."

sábado, 26 de março de 2011

O diabo do FMI...

HÁ EXACTAMENTE uma semana, os economistas Abel Mateus e Eduardo Catroga afirmaram categoricamente que o FMI "não deve ser diabolizado". Ontem, na entrevista dada à SIC, Pedro Passos Coelho utilizou exactamente os mesmos termos relativamente à previsível entrada do Fundo Monetário Internacional no nosso País: "Não devemos diabolizar o FMI", afirmou. Será apenas uma questão de "cartilha bem estudada" ou estaremos a assistir à versão moderna e actualizada da célebre "cassete do dr. Cunhal", agora com novo "compositor" - este mais institucional?

É tempo de Cuca!

À atenção de José Sócrates...

"O espectáculo mais triste é ver os que concordavam connosco passarem a invocar divergências. É quando se conhecem melhor os traidores"

Pedro Santana Lopes, in Expresso, 26.03.2011

sexta-feira, 25 de março de 2011

Boa noite...

TENHO UM amigo que me ligou hoje várias vezes, dando-me conta do pânico que o assalta cada vez que se lembra que, mais hora menos hora, tem de ir dormir. Como o amigo em questão não é homem dado à bebida e muito menos a outros vícios, comecei a preocupar-me ao terceiro ou quarto telefonema, quando compreendi que todos os temores que ele me transmitia eram a sério: "Não sei, não sei se consigo fechar os olhos... outra vez o que me aconteceu na noite passada e vou-me desta para melhor!", quase que gritava, lancinante, do outro lado da linha. E eu arriscava: "Tonturas? Dores nas costas? Será alguma hérnia discal? Não tens posição, é?". E ele suspirava e só repetia sem cessar: "Antes fosse, antes fosse...". Sugeri-lhe, sem saber o que o levava a esse verdadeiro ataque de pânico, que deixasse a luz acesa, sei lá, por exemplo que não desligasse a televisão... Aí, ele urrou! "Não, isso nããããooooo!!!!!". Aí quem se assustou fui eu. E não hesitei: meti-me no carro e fui até sua casa. Encontrei-o de pijama, num estado lastimável, barba de três dias, olheiras de quatro, andrajoso, com um ar de zombie que metia dó ao coração mais empedernido e só repetindo à exaustão: "Não me digas nada, não me perguntes nada, não queiras saber... ficas igual ou pior que eu...". Tanto insisti, que o meu amigo finalmente me confessou o motivo dos seus males - nada mais nada menos que o sonho que o "perseguia" já há uns quantos dias, especialmente quando se tornou inevitável que Sócrates ia borda fora: "Tu nem imaginas... Já viste o que é sonhar, ver aparecer impantes e peito-cheio, preparados para tomar posse no palácio de Belém, perante aquele espantalho algarvio, toda aquela tropa fandanga que anda por aí há uns anos a ver se lhe toca alguma coisa?". Tentei tranquilizá-lo: "É pá, não exageres. Já tivémos os Lellos, os Lacões, os Valter nãoseiquê, os Pinhos, tanto cromo, como é que podes ficar assim nesse estado?". A resposta veio pronta, mas atabalhoada tal a convulsão que o choro lhe provocava. E entre lágrimas escorrendo-lhe, qual cascata, pela face, o meu amigo arrasou-me com um argumento demolidor: "Ah é?! Então e os Cesários? Os Botas? Os Marcos Antónios? Os Nogueiras Leites? Os Liparis? Isto fora os que a gente nem conhece...".
Confesso que nada mais disse. Arrasado, próximno do "estado de choque", levantei-me vagarosamente do sofá, lancei um profundo olhar de compreensão ao meu pobre amigo e só parei quando me sentei ao volante do carro. Mas infelizmente ainda tive tempo de o escutar, desde a soleira da porta, gritar-me: "E imagina se o governo for de coligação...?". Quase sem dar conta, meio à deriva, consegui chegar a casa e a primeira coisa que fiz - pelo sim, pelo não - foi certificar-me que ainda tinha uns quantos "xanax's" (ufff....) e abrir a cama. Seja o que Deus quiser e, como diz alguém que eu conheço, "valha-nos Santa Maria Madalena"...
Boa noite!

quinta-feira, 24 de março de 2011

Um silêncio cínico e hipócrita...

CAUSA-ME alguma impressão quem celebrou (e celebra) a queda de José Sócrates. Não que o indivíduo em causa me mereça qualquer simpatia ou com ele tenha alguma afinidade - cruzes, credo, canhoto! Mas acreditei até à última hora que alguém tivesse o bom-senso, a maturidade e a responsabilidade de evitá-lo, nem que fosse "obrigando" o principal responsável pelo estado a que o nosso País chegou a aceitar uma solução transitória, mas credível. Mas a verdade é que essa pessoa que tinha a obrigação de mostrar algum sentido de Estado e intervir, influenciando e sensibilizando quem não esconde uma assustadora vontade de "ir ao pote" (reveladora e terrível terminologia para quem está sequioso de chegar ao poder) não o fez. Preferiu refugiar-se num silêncio cobarde, cínico e hipócrita, porventura ofendido por não ter sido tratado como de facto deveria ter sido, mas colocando - mais uma vez, chiça! - os seus estados de alma e interesses pessoais à frente dos interesses e das exigências de um País que ainda recentemente (embora de forma tímida) lhe renovou a confiança enquanto mais alto dignatário. Mais: com o seu silêncio, estimulou esses que quiseram sujeitar os portugueses a eleições antecipadas. Era seu dever promover entendimentos, escutar e reflectir sobre o que inúmeras figuras de relevo na sociedade portuguesa defenderam e poupar os portugueses a mais um acto eleitoral e ao crescente descrédito a nível externo, onde o chamado "risco Portugal" já ultrapassou (pasme-se!) o "risco Argentina". Mas não... À mesa, em Belém ou lá na marquise da Travessa do Possolo, a família Silva possivelmente deve agora sorrir ufana e deliciada, sentindo-se certamente vingada das faltas de cortesia de Sócrates, dos ataques de Santos Silva ou dos "malandros" que resolveram trazer as incómodas e pouco claras ligações do chefe do clã ao BPN durante a última campanha eleitoral. Por outro lado, o País - esse - vai entristecendo lenta e penosamente...


Ora aqui está alguém com "margem de manobra"...

Durão e o queijo...


CADA VEZ que vejo e oiço Durão Barroso, muito cioso e ufano no seu papel de presidente da Comissão Europeia, a falar verdadeiramente "de cátedra" sobre Portugal, fico de boca-aberta com o ar professoral, superior, de quem não tem nada a ver com isto e de quem não consegue disfarçar um notório e visível enfado sobre esse assunto. É extraordinário! Ou Durão come muito queijo e já se esqueceu que foi primeiro-ministro até há seis anos atrás e logo que viu uma oportunidade para dar às de "vila diogo" não hesitou; ou então - e isso é grave... - pensa que somos todos tolinhos!

A solução, segundo Alexandre Soares dos Santos

"O problema de Portugal só se resolve com um Governo de salvação nacional que inclua praticamente todos aqueles partidos que defendem a democracia. Sem um acordo de regime não há solução, e desse pacto devem fazer parte PS, PSD, CDS e eventualmente o PCP(...)"

Conselho de Estado

PRESUMINDO QUE o Presidente da República, no exercício dos seus deveres constitucionais, convoque o Conselho de Estado nos próximos dias para, conforme dita a Constituição, aconselhá-lo quanto à previsível dissolução da Assembleia da República e consequente convocação de eleições, é curioso notar que isso irá ocorrer com com o Conselho de Estado na sua "versão de primeiro mandato" e sem que Cavaco Silva tivesse já procedido à habitual "remodelação" que, até agora, todos os presidentes levaram a cabo quando reeleitos no que diz respeito à composição daquele órgão.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Que falta de jeitinho...

ESTA NOSSA oposição está bem para o governo que temos... Como é possível que PSD, CDS, PCP e Bloco assistam impávidos e serenos ao facto do primeiro-ministro pura e simplesmente "marimbar" para o debate parlamentar de hoje, abandonando o hemiciclo? O mínimo que se esperava é que a oposição seguisse o exemplo de José Sócrates e deixasse o PS e o que resta do governo a falarem sozinhos em S.Bento. Existindo quorum, obviamente...

O significado de um síndroma...

CADA DIA que passa oiço mais falar em "síndroma Vale e Azevedo". Alguém me pode explicar porquê?

Pelo menos com este a malta ria-se...


HUGO CHÁVEZ, o sempre surpreendente homólogo venezuelano de Cavaco Silva revelou ontem no seu programa televisivo e radiofónico "Alô Presidente!" que tudo levava a crer que já tenha existido uma civilização em Marte, mas que "a chegada do capitalismo tinha acabado com o planeta"...

Volte, que está perdoado...

As demissões: de um e de outro...

UM, O primeiro-ministro parece que apresentará formalmente hoje ao fim do dia a sua demissão. O outro, o Presidente da República, na prática fê-lo ontem. Perante as câmeras e microfones, à saída de uma cerimónia comemorativa do centenário da Universidade do Porto, queixando-se que não tinha "margem de manobra" - argumento no mínimo extraordinário para quem é chefe de Estado e foi recentemente reeleito garantindo aos portugueses ir exercer uma "magistratura activa" ...

terça-feira, 22 de março de 2011

Hoje, às onze da noite...

A NÃO perder hoje, a partir das onze da noite. Na TVI24, com José Medeiros Ferreira, Pedro Santana Lopes e Fernando Rosas, num debate moderado por Constança Cunha e Sá. Para quem gosta (mesmo) de política e de ver (e ouvir) como é possível debatê-la com serenidade e inteligência.

La Palisse não diria melhor...

ACEITAM-SE apostas sobre a identidade do autor desta profundíssima reflexão, até porque nestes tempos mais penosos uma gargalhada não faz mal a ninguém: "Portugal terá um ano extraordinariamente difícil, independentemente da evolução da crise política, tendo obrigatoriamente de adoptar um plano de austeridade que possa ser monitorizado pelas instituições que acompanham a economia portuguesa". Uma ajuda: o autor é um politicamente saltitante economista, foi recentemente "enxotado" do inner circle de um jovem líder partidário, é ligado a um banco cabo-verdiano(!!!) com nome de pedra de adorno e... é de ir aos prantos!

A voz do banqueiro

"Portugal só sai da crise com frente política ampla"

Ricardo Salgado, in Jornal de Negócios, 22.03.2011

Recado com destinatáro...

AS PALAVRAS são de Mário Soares e reflectem bem uma certa angústia por parte de aqueles que - quer se goste ou não - possuem uma dimensão, experiência e "mundo" que falta a tantos que por aí pululam numa ânsia louca e desvairada de alcançar e manter o poder: "Quando o País acordar dessa campanha eleitoral, que só desacreditará os Partidos - os políticos e o País - quem terá condições efectivas para governar e nos tirar da crise? E por quanto tempo? Passos Coelho? Outra vez, Sócrates? À beira da bancarrota, o Povo Português estará então, desesperadamente, a pedir um governo de salvação nacional ou até: um salvador (que felizmente parece não ser fácil encontrar) visto não estarmos nos anos trinta do século passado...No meu modesto entender, só uma pessoa, neste momento, tem possibilidade de intervir, ser ouvido e impedir a catástrofe anunciada: o Senhor Presidente da República. Tem ainda um ou dois dias para intervir. Conhece bem a realidade nacional e europeia e, ainda por cima, é economista. Por isso, não pode - nem deve - sacudir a água do capote e deixar correr. Como se não pudesse intervir no Parlamento - enviando uma mensagem ou chamando os partidos a Belém - quando estão em jogo, talvez como nunca, "os superiores interesses nacionais". Tanto mais que, durante a campanha eleitoral para a Presidência, prometeu exercer uma magistratura de influência activa. Não pode assim permitir, sem que se oiça a sua voz, que os partidos reclamem insensatamente eleições, que paralisarão, nos próximos dois meses cruciais, a vida nacional, em perigo iminente de bancarrota."

A vez de Alberto João

E AGORA foi Alberto João Jardim, também ele a defender a formação de "um governo de ampla maioria constitucional" e que representasse, pelo menos, 75 por cento dos deputados à Assembleia da República. Pois é...

segunda-feira, 21 de março de 2011

Onde é que eu já ouvi isto?

CURIOSA, A defesa que Marcelo Rebelo de Sousa faz da formação de um governo de "coligação muito ampla" que, para além de evitar a convocação de eleições, governasse por um período de dois ou três anos e com o objectivo de "salvar Portugal". Um governo que, na opinião do professor, deveria ser tão amplo que deveria incluir o PCP e o Bloco de Esquerda: "Uma solução não só possível, mas desejável", disse para que não restassem dúvidas...

"Welcome mr. Obama" em versão baiana...

Taylor made...

A LISTA candidata ao Conselho Directivo do Sporting liderada por Godinho Lopes tem um invejável staff de especialistas em matéria investigativa, onde sobressai Paulo Pereira Cristóvão, o antigo inspector da Polícia Judiciária e hoje dedicado ao chamado "business inteligence". Mas mais discreto, quem também anda por lá é Rui Paulo Figueiredo, o antigo assessor de Sócrates que gostava muito de estar "sempre à coca" nos restaurantes e banquetes oficiais onde estivessem os homens de Cavaco e que integra igualmente a lista ao Conselho Directivo dos "leões". E se já é público que Pereira Cristóvão, em caso de vitória de Godinho Lopes, assumirá o pelouro das "infraestruturas", desconhece-se nesse caso qual a "pasta" que será entregue a Figueiredo, embora seja de admitir que poderá ficar encarregue do sector dos "espiões", que no futebol têm como missão "cuscar" os adversários e produzir relatórios para o corpo técnico. É o chamado... fato à medida!

Uma volta por Lisboa...

BASTA DAR uma volta por Lisboa, ouvir e outras vezes meter conversa com lojistas, taxistas, empregados de restaurante e com quem muito bem calhar para se perceber que há duas coisas que as pessoas querem, quase que me atrevia a escrever "exigem" - uma é ver José Sócrates pelas costas e a outra é que ninguém tenha a peregrina ideia de convocar eleições. Só não percebe isso quem tem uma imensa "sede de poder" ou quem, por mero calculismo político, assim se continua a demitir dos seus deveres perante o País...

Um pouquinho de vergonha, não lhe ficava mal...

NÃO É segredo para ninguém que a Académica é hoje cada dia mais "um clube" e menos "uma causa"... Por muito que custe a quem sempre foi adepto de uma instituição que durante décadas foi muito mais que uma simples equipa ou clube de futebol, a verdade é que a "Briosa" foi perdendo a mística e a tradição que sempre a fizeram um caso à parte no futebol nacional. Como, com profunda mágoa e tristeza, dizia alguém que sempre (desde há mais de 60 anos) foi um academista de primeira linha, a Académica "é cada dia menos a Associação Académica de Coimbra e cada vez mais o Futebol Clube de Coimbra". E isso deve-se a inúmeros factores, desde o indisfarçável "divórcio" entre a Academia e o clube à crescente (e porventura inevitável) profissionalização que tomou conta do plantel, passando por uma forma muito pouco "académica" de estar no mundo do futebol por parte de quem tem tido responsabilidades directivas nos últimos anos. A última "facada" que o espírito e tradição académica sofreu foi o descaramento do seu presidente, que dá pelo nome de José Eduardo Simões, que apesar de ter sido recentemente condenado explicitamente a uns quantos anos de prisão (ainda que suspensa) por crimes de corrupção envolvendo o seu cargo de topo na Câmara Municipal de Coimbra e a própria presidência do clube, recusa-se a apresentar a mais que lógica demissão. Pobre Académica, entregue que está a esta "gentinha" de quarta e quinta categoria e que envergonham todos quantos ainda se revêem no emblema do losângulo!

domingo, 20 de março de 2011

Paulo Portas

MAIS UMA vez (e como sempre...) Paulo Portas fez o discurso que as pessoas queriam ouvir. Afirmou, gritou e repisou o que todos pensam e defendem, naquela lógica assente em quatro ou cinco imaginativos e bem-elaborados sound bytes que, para além de facilitar o trabalho aos jornalistas que têm de produzir o noticiário, dão sempre o precioso mote para os comentadores pronunciarem-se sobre o que ele quer que se pronunciem. Reconheça-se: Portas tem o mérito de fazer discursos bem alinhavados, bonitinhos, nitidamente treinados previamente ao milímetro - e esse mérito ninguém lhe tira! Poderia até ser um exemplo para aqueles que, apesar de colocarem bem a voz e possuirem um porte que fica sempre bem atrás de um púlpito, por muito que falem e apareçam pouco ou nada se retém... Porém, sobre Portas, a grande questão prende-se não com a sua capacidade oratória, mas sim com a capacidade que ele ainda tem em disfarçar perante o País aquela quase doentia ânsia pelo exercício do poder, pela sua liturgia, pelas mordomias que o envolvem. É que, diga-se em abono da verdade, este Portas que hoje clama, quase na fronteira da apoplexia, pela demissão de um Sócrates hoje "ferido de morte" é o mesmo Portas que ainda há pouco tempo piscava, sôfrego e guloso, o olho ao mesmo Sócrates, então "a transpirar saúde", quase que implorando um acordo que não sei mesmo se alguma vez - por debaixo da mesa - não chegou mesmo a existir...

Uma certeza... e uma dúvida

HÁ PRATICAMENTE um ano, José Sócrates participava na meia-maratona de Lisboa e, logo a seguir, embarcava célere em direcção a Tripoli onde o coronel Kadhafi o esperava para uma visita que tinha como objectivo, segundo as próprias palavras do nosso primeiro-ministro, "desenvolver a nossa relação com a Líbia e reforçar a cooperação bilateral que ºé uma das prioridades da nossa política externa". Amanhã tenho a certeza que Sócrates não viajará para a Líbia e "cheira-me" (ainda que possa estar enganado...) que também não irá participar na meia-maratona...


Quase 40 anos depois...

FUI COLEGA de Teresa Martinho (hoje Toldy) no 3º ano do então Ciclo Preparatório, em pleno PREC e com tudo o que isso implicava. Não sendo daquelas colegas com quem mais me relacionava, sempre guardei dela uma boa recordação. E por estranho que possa parecer, ao longo destas quase quatro décadas, várias vezes dei por mim a pensar o que seria feito daquela "miúda" que conseguia ser uma excelente aluna sem ser "marrona", simpática sem estar sempre a rir e serena (coisa difícil naqueles agitados tempos pós-25 de Abril) sem ser "chata". Não a devo ver desde 1975, mas há uns tempos disseram-me ser uma das mais brilhantes pessoas que em Portugal pensa e reflecte acerca dos problemas da Igreja. E hoje, por mera coincidência, dei por mim a ler uma sua extraordinária, lúcida e brilhante entrevista ao jornal "i" onde, ao analisar e reflectir sobre as questões aparentemente mais polémicas com que se debate a Igreja (celibato dos padres, ordenação de mulheres, entre outras), espelha aquelas tais serenidade e inteligência que sempre a caracterizaram.Foi mesmo muito bom voltar a encontrar a Teresa Martinho, desta feita nas páginas de um jornal. Vale a pena "clicar" no http://www.ionline.pt/conteudo/111499-teologa-feminista-as-homilias-dos-padres-maria-deviam-ser-psicanalisadas.

sábado, 19 de março de 2011

Pedaços de história

EM 1976, durante a cerimónia comemorativa do 15º aniversário do poderosíssimo Ministério do Interior (MININT) e que teve lugar no Teatro Karl Marx, Fidel Castro fez porventura a mais séria ameaça de retaliação aos múltiplos e sucessivos ataques que representações diplomáticas cubanas eram alvo naqueles tempos. Nomeadamente em Lisboa, quando um atentado bombista destruiu a embaixada na capital portuguesa e matou Efrén Monteagudo e Adriana Callejas, dois funcionários diplomáticos que, curiosamente (veio a saber-se mais tarde...), eram agentes dos serviços de inteligência cubana. Vale a pena assistir a este excerto do discurso do Comandante en Jefe!

Portas, Passos e as "escolas de crime"...

PARTINDO DO pressuposto que PSD e CDS poderão vir a compartilhar responsabilidades governativas, convenhamos que este discurso de Paulo Portas no congresso do seu partido não augura grande coisa... Aliás será muito estimulante imaginar a convivência entre os dois líderes, quando o "ponto alto" da biografia política de Pedro Passos Coelho foi ter sido presidente da JSD, quando no passado o próprio Portas classificou as juventudes partidárias como "escolas de crime". No mínimo, vai ser divertido...

Dilma

TENHO ESTADO a seguir com alguma atenção (através da Record News, canal 214 da Zon) o primeiro dia da visita de Barack Obama ao Brasil. E quem possa ter tido dúvidas quanto ao peso próprio que Dilma Rousseff possui no panorama político brasileiro ficará certamente elucidado com todo o apurado cuidado que rodeou as cerimónias de boas-vindas ao casal presidencial norte-americano - desde a "liturgia" ao próprio (excelente) discurso da presidente brasileira. Aliás, ainda a propósito de Dilma, na revista "Veja" de hoje, o sempre influente e informado Lauro Jardim revela na sua coluna que, recentemente e durante um encontro com empresários mexicanos, o antigo presidente Fernando Henrique Cardoso não teria poupado elogios à sucessora de Lula e à sua "preparação", bem como confidenciado o seu optimismo quanto ao desempenho da sucessora de Lula no combate à inflacção e na maior abertura da economia brasileira.

O adeus de Marcelo (ao "Sol")

DISCRETAMENTE, QUASE sem ninguém dar por isso, Marcelo Rebelo de Sousa anunciou ontem que deixaria, já a partir da próxima sexta-feira, de escrever no "Sol". Por outro lado, corre nos mentideros que Cavaco Silva prepara-se para não o reconduzir enquanto conselheiro de Estado e que tenciona substitui-lo por António Capucho que ali tem assento por indicação do PSD. Não são abandonos a mais?

Cuba by Zé Dirceu

CONHECEDOR DE Cuba como poucos, o sempre influente José Dirceu acompanha a par e passo a singular evolução do regime de Fidel Castro. Vale a pena ler esta breve transcrição de parte de um texto que recentemente publicou no seu blogue:

"(...)Por um lado, socialistas ortodoxos vêem nas transformações conduzidas pelo governo de Raul Castro uma traição à filosofia marxista, como se o que está em curso fosse apenas uma lenta transição rumo ao Capitalismo de Estado. De outro lado, a direita, exagerada, vê nas reformas uma admissão de fracasso que busca estampar nas costas de todas as vertentes da esquerda do mundo.
Subestimam, ambos os lados, a complexidade do processo e dos resultados da revolução cubana. É verdade que a ilha sustenta estruturas de Estado e metodologias de trabalho ultrapassadas, como excessivas centralização e burocratização, que levaram a uma permanente crise econômica. Mas, também graças a esse processo, mantém uma rede de saúde pública de abrangência e qualidade invejáveis, bem como um sistema educacional e de acesso à cultura exemplar(...)"

sexta-feira, 18 de março de 2011

Verdadeiramente notável!

COM A mais que devida vénia, não resisto a transcrever mais um inteligente e oportuno post de António Borges de Carvalho no seu blogue irritado.blogs.sapo.pt, desta feita intitulado "As Famosas" e todo ele dedicado à revista "Notícias TV" de hoje:

"Segundo a capa de uma revista do jornal do “amigo Oliveira”, hoje publicada, acontece que uma senhora, de seu nome Isabel Figueira, ao que parece rapariga muito conhecida em meios televisivos e em revistas de tetas, está preocupadíssima. Com carradas de razão. “Não sei do meu filho”, declara, presumindo-se que cheia de angústia.

Acontece que um senhor chamado César Peixoto - consta tratar-se de um futebolista -, presume-se que pai da criança (“o Rodrigo”), a foi buscar ao colégio há uns cinco dias, não tendo a pobre mamã tido a dita de o voltar a ver.

Para cúmulo, a senhora anda a braços com uma “relação instável” com um tal Pedro Barroso (?), seu “namorado”.

Não se sabe se por causa da criança se do namorado, a “estrela” (?) foi internada por dois dias, mas já está boa. Felizmente!

Na mesma capa da mesma revista, temos a dita e a honra de saber que a dona Júlia Pinheiro, senhora que, de há anos a esta parte, vem sujeitando o povo ao purgatório da sua voz de cana rachada e ao inferno de uns programas super kitshe super estúpidos, vai contratar um porco e uma vaca para divertir o povo.

E mais. O “amigo Oliveira” faz-nos saber, ainda na mesma capa da mesma revista, que a dona Isabel Medina (?) anda a sofrer imenso porque tem o marido doente e a mãe muito mal.

Presume o IRRITADO que a revista do “amigo Oliveira”, lá dentro, trará mais detalhada informação sobre as notáveis vidas das três notáveis senhoras, vidas que muito devem interessar ao povo. Como o IRRITADO não leu mais que a capa, não pode “reportar” em conformidade, pelo que pede as maiores desculpas aos seus leitores.

A fechar estas tão singelas palavras, o IRRITADO deseja do fundo do coração

- à dona Isabel F. que reencontre o menino, que faça as pazes com o Pedro e, já agora, também com o César;

- à dona Júlia que se dê bem com a vaca e com o porco;

- à dona Isabel M. que veja melhorar o marido e que a mãezinha viva por muitos e bons anos;

- Às três, bem como às multidões de colegas do mesmo jaez que por aí andam a fazer propaganda das suas misérias das suas iniciativas suíno-vacuns, que vejam se ganham um pouco mais de respeito próprio, já que pela nossa inteligência não lhes deve ser possível arranjá-lo"

O poder de influenciar

HÁ UMAS horas atrás, um amigo confessava-me que achava que eu zurzia em demasia no Presidente da República e que, contrariamente ao que eu pensava, Cavaco Silva não tinha outro remédio senão entregar a resolução desta embrulhada política em que o País está envolvido à Assembleia da República: "Estás a ser injusto com o homem porque ele, com os poderes que tem, pouco ou nada pode fazer", dizia-me. Só que, na minha opinião, a questão não é uma questão de poderes presidenciais, mas sim de oportunidade, bom-senso, responsabilidade (muita) e também (muita) seriedade intelectual por parte de quem é o mais alto magistrado da Nação e que detém mais do que óbvias responsabilidades em protagonizar o encontro de uma solução para tudo isto. E numa altura desta, o que eu espero de qualquer Presidente da República é que, em primeiro lugar, faça tudo para evitar que o País seja novamente chamado às urnas. E não há ninguém melhor que quem hoje ocupa o cadeirão presidencial em Belém "apadrinhar" e promover um encontro que junte à mesma mesa os principais líderes políticos, os dirigentes sindicais, os responsáveis pelas associações patronais, os banqueiros, os principais empresários (Alexandre Soares dos Santos, Américo Amorim, Belmiro de Azevedo, João Pereira Coutinho, por exemplo...), a Igreja e uma "mão-cheia" das chamadas personalidades de referência em diversas áreas e encontre uma "plataforma de entendimento" que permita que esta legislatura chegue ao seu termo. Só isso... Ou é pedir muito? Será que Cavaco Silva ainda não percebeu que exercer o cargo de Presidente da República não é fazer discursos críticos e logo em seguida virar as costas e assobiar para o lado; ou que o maior "poder" que ele pode possuir é exactamente o de influenciar, aconselhar e ajudar a encontrar o melhor caminho para todos? É que ser Presidente da República não se reduz a fazer "roteiros", dizer umas banalidades e mandar içar a flâmula verde quando se está no palácio...

O PS hoje...

"Este PS já não tem nada a ver com o PS de 1976. São coisas muito diferentes. O dr. Mário Soares ainda é o único traço de união entre o PS dessa altura e este"

José Medeiros Ferreira, in jornal "I"

O mistério de uma desistência

FALANDO EM futebol... Agora que se aproximam as eleições no Sporting, pode ser que falte pouco para que se dissipe o mistério que rodeou a surpreendente desistência de um praticamente desconhecido Braz da Silva da "corrida" a presidente dos leões. Há por aí quem diga que o passado e talento "investigativo" de um destacado membro de uma das principais listas teve muito a ver com a retirada de cena desta misteriosa personagem que, desde aí, foge dos telemóveis como o "diabo da cruz"...

Pobre futebol

NUM DIA que é de festa para o futebol português, com a passagem de Benfica, Braga e Porto aos quartos-de-final da Liga Europa, garante-me quem anda nestas coisas da "bola" que, porventura algo desiludido pelas sucessivas e constantes provas de rosnante fidelidade ao seu chefe político não se terem traduzido em qualquer cargo governamental (fosse ele qual fosse...), o cada dia mais capilarmente rejuvenescido José Lello (com dois "éles", atenção!) encara muito seriamente a hipótese de candidatar-se à sucessão de Gilberto Madaíl na Federação Portuguesa de Futebol. Que o chamado "desporto-rei" andava nas ruas da amargura não é segredo para ninguém, mas esta de poder de ter de vir a escolher entre Lello, Seara e o próprio Madaíl para liderar a Federação passa todas as marcas. Só faltava mais isto!

quinta-feira, 17 de março de 2011

E agora?

CONFESSO QUE tenho alguma curiosidade em saber como é que a partir de agora, quando afinal o coronel Muammar Kadhafi se apresta a retomar o controle da "sua" Líbia, a diplomacia portuguesa vai lidar com a situação. Especialmente após, num acesso de claro "novo-riquismo" e quando julgava que a queda de Kadhafi era um dado assente se apressou a presidir à comissão encarregue de gerir as sanções ao regime do homem do "livro verde". Vamos lá ver quantas horas é que desta vez Sócrates (ou quem aí vier) vai estar "à seca" à porta da tenda...

A manha e o cinismo de Cavaco

A MANCHETE do "Diário de Notícias" onde se dá conta da intenção do Presidente da República em "empurrar" para a Assembleia da República a solução para esta verdadeira "embrulhada" política em que vivemos, só demonstra e prova a forma manhosa, cínica e calculista como Cavaco Silva encara e exerce os poderes e deveres enquanto chefe de Estado.Este alijar de responsabilidades e este irresponsável "virar de costas" de quem jurou (por duas vezes!) respeitar a Constituição e se arvora em "factor de estabilidade" fala por si. É por estas e por outras que apenas pouco mais de 23 por cento dos eleitores portugueses lhe confiaram o voto nas ultimas eleições presidenciais.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Entrevista "enrascante"

GOSTE-SE OU não (e eu pertenço claramente ao segundo destes grupos...) do primeiro-ministro, a verdade é que tem de reconhecer-se a capacidade notável de resistência e sobrevivência que José Sócrates possui - isto para além do seu jeito ímpar em "virar" situações e realidades. E a entrevista do chefe do governo ontem na SIC é a prova de como alguém que entrou nos estúdios verdadeiramente acossado e "encostado às cordas", na prática saiu de lá conseguindo "passar a batata quente" para as mãos dos que o tentaram condicionar e colocar entre a espada e a parede. Hoje já não se discute a demissão de Sócrates, mas sim como é que Passos Coelho "descalça a bota" do verdadeiro ultimato que resolveu fazer ontem à tarde. E já agora, como é que Cavaco Silva vai conseguir gerir tudo isto. Utilizando um termo muito em voga, foi uma verdadeira entrevista "enrascante". Para os outros, é claro...

Os "conselhos" de Barroso

NA MOUCHE, a observação de José Medeiros Ferreira no último "Prova dos 9" sobre Durão Barroso. Qualquer coisa como isto: "Deixou de ser primeiro-ministro para não aplicar as medidas de austeridade e agora, como presidente da Comissão, vem paternalmente dizer quais as medidas que o governo tem de aplicar". É por estas e por outras que, contrariamente ao que muito boa gente julga, Barroso afinal não terá assim tão abertas de par em par as portas de Belém em 2015...

Les uns et les autres...

NÃO É a primeira vez que gabo aqui o programa "Prova dos 9" da TVI e em que, semanalmente e às terças-feiras, José Medeiros Ferreira, Pedro Santana Lopes e Fernando Rosas protagonizam um debate moderado por Constança Cunha e Sá. Não é a primeira vez, nem certamente será a última e tão pouco se deve à amizade e simpatia que me liga a três dos quatro intervenientes... É que, de facto, dá gosto assistir a discussões inteligentes, serenas e principalmente pautadas por uma independência e seriedade intelectual que, apesar da filiação partidária de cada um, todos os três comentadores conseguem mostrar.
Hoje, mais uma vez, quem assistiu `"Prova dos 9" teve a oportunidade de perceber como é (ainda) possível debater e gostar de política - sem preconceitos, com paixão, com razão e com uma cada dia mais pouco habitual lucidez. Todos aqueles que (em grande parte por uma "moda" incentivada por certos e altos responsáveis políticos deste País...) se ufanam de "odiar a política" deviam - nem que fosse por uma única vez - assistir a este programa da TVI. Nem que fosse para perceber que, também na política, existem "les uns et les autres"...

domingo, 13 de março de 2011

E agora?

DIZEM-ME que Nogueira Leite, esse enorme e reputadissimo vulto vá lá saber-se de quê, bateu com a porta a Pasos Coelho, furioso de ter sido preterido numa comissão qualquer lá da S.Caetano pelo ex-ministro Eduardo Catroga. Primeiro foi com o PS, depois com o CDS, agora é com o PSD. Será que António do Pranto ainda acaba "a atacar" lá para os lados da Soeiro Pereira Gomes? Já nada espanta...

No sítio certo e com a pessoa certa...

O PRESIDENTE do Futebol Clube do Porto não poderia ter escolhido melhor lugar para comentar a agressão que o vice-pesidente do Benfica Rui Gomes da Silva foi alvo no Porto na última sexta-feira - nada mais nada menos do que em Gondomar e ao lado do seu "grande amigo" Valentim Loureiro. Melhor era impossível, diria certamente Ricardo Bexiga (lembram-se?)...

Tchim, tchim...

LÁ QUE foi um flop... foi. Pode ter tido 20 ou 30 mil pessoas, mas foi porventura a manifestação mais inconsequente que há memória, com uma "misturangada" de gente que ia daqueles párias que, de superbock de litro na mão, se arrastam pelo Camões puxando por umas cordas manhosas uns pobres cães famélicos, até umas senhoras bem-postas e de meia-idade chocadérrimas por verem punhos e cravos no ar, passando por bandos insuportáveis de adolescentes empunhando garrafas de ginginha que, á falta de melhor programa, se juntaram à turba. E claro, os Vitorinos da praxe com a mania que ainda têm vinte anos e que a Leitaria Garrett ainda existe. Berravam nem sabem eles porquê e o quê e acabaram certamente todos (exceptuando as tais senhoras bem-postas que obviamente correram céleres para o Facebook a comentar a indumentária desta, da outra e a tentarem perceber porque é que havia "tanto comuna, que horror!"...) sem se lembrar lá muito bem o que fizeram hoje à tarde.

sábado, 12 de março de 2011

Enrascados

POSSO ENGANAR-ME redondamente, mas "cheira-me" que a famosa manifestação que amanhã vai juntar extrema-direita e extrema-esquerda e que até o Presidente da República quer "cavalgar" com aquele desastrado apelo ao "sobressalto cívico" vai ser um flop. Cá para mim, se juntarem 10 mil pessoas já vai ser um feito...

quinta-feira, 10 de março de 2011

Um primeiro-ministro e cinco líderes da oposição

DESDE QUE, há seis anos, José Sócrates tomou posse como primeiro-ministro, o PSD já teve cinco presidentes... Parece mentira, mas não é: Santana Lopes, Marques Mendes, Luís Filipe Menezes, Manuela Ferreira Leite e agora Pedro Passos Coelho. Livra!

Um estranho "guião"...

PARA QUEM ainda é militante do PSD causa alguma impressão que este tão apregoado "guião" para o programa de um hipotético futuro governo que a direcção de Passos Coelho se apressou a divulgar em tudo o que era jornal e revista se limite a nãoseiquantas propostas de alguns empresários. Que tal escutar e recolher opiniões de outros sectores da sociedade - dos sindicatos, por exemplo? Para um partido que se diz social-democrata era capaz de ter alguma lógica. Ou não?

quarta-feira, 9 de março de 2011

Moção, dissolução ou... assobiar para o lado?

NÃO ASSISTI à tomada de posse do Presidente da República e, como tal, não escutei as tão apregoadas violentas palavras que Cavaco Silva dirigiu ao governo. Pelo que me contam, após o discurso presidencial, restam agora dois cenários - ou José Sócrates dá "uma de homenzinho" e apresenta uma moção de confiança ou, em coerência, Cavaco Silva dissolve a Assembleia da República. Mas como estamos em Portugal, cheira-me que vai tudo assobiar para o lado...

terça-feira, 8 de março de 2011

Separados à nascença?

PORQUE SERÁ que cada vez que vejo e oiço o candidato à presidência do Sporting Godinho Lopes lembro-me de Manuel Damásio? Isto há cada coisa...

segunda-feira, 7 de março de 2011

17+5=22

NÃO SEI se já perceberam, mas vêm aí mais cinco anos de Cavaco Silva. A somar aos já 17 em que o actual Presidente da República ocupou importantes cargos públicos (ministro das Finanças, primeiro-ministro e chefe de Estado - já para não falar da presidência do CES), quando em 2016 descer de vez a rampa do palácio de Belém, Cavaco contabilizará 22(!) anos de permanência em cargos de significativa responsabilidade política. Para bom entendedor...

domingo, 6 de março de 2011

Talvez fosse boa-ideia...

TALVEZ NÃO fosse má-ideia que, antes de promover "estados gerais" e coisas do género, o PSD tentasse encontrar as razões que levaram aquele que foi o maior e mais abrangente (no bom sentido do termo) partido português a ser hoje apenas um "casulo" que é. Era bom tentar perceber porque é que o PSD se mostra incapaz de conquistar o poder por mérito e confiança dos portugueses, restando-lhe apenas tentar chegar ao governo única e exclusivamente por demérito do seus adversários e pelo cansaço dos eleitores relativamente a este governo. Que exercício estimulante seria recordar as atitudes e percursos de muitos que hoje ocupam lugares aqui e acoli, pouco ou nada importando-se com o futuro do partido de que se serviram e os catapultou para onde hoje estão. Alguém duvida que seria o momento para relembrar e analisar tudo o que Cavaco Silva fez nos últimos 20 anos? E perceber quanto "custou" ao PSD a aparentemente súbita e célere "transferência" de Durão Barroso de Lisboa para Bruxelas? Talvez ajudasse a encontrar o "caminho" perdido e a exorcizar de vez alguns "fantasmas" que pairam há muito sobre a Rua de S. Caetano...

sábado, 5 de março de 2011

Água no bico

DAS DUAS, uma: ou Marques Mendes já iniciou a sua pré-campanha para a sucessão de Pedro Passos Coelho na liderança do PSD ou está abertamente na "corrida" para integrar um hipotético e futuro governo laranja como vice-primeiro-ministro. Quem conhece Mendes sabe que estas recentes e sucessivas aparições públicas do antigo líder social-democrata trazem "água no bico" e não são propriamente coincidência... Na S. Caetano há quem torça o nariz a tanto protagonismo, até porque, por muitos sorrisos e palmadinhas nas costas com que possa brindar Passos Coelho, Mendes certamente ainda não esqueceu que o actual líder foi um dos primeiros a demitir-se de vice-presidente durante o seu "consulado" à frente do PSD.

Tão nervoso que ele anda...

MUITO SINTOMÁTICO o nervosismo que alguns sôfregos candidatos a qualquer cargo que seja num hipotético futuro governo do PSD começam a mostrar. Certamente temerosos em vir a perderem a aparente "pole position" em que supõem encontrar-se, começam mesmo a atrever-se a enviar publicamente recados a Passos Coelho e a queixarem-se da estratégia que o líder do PSD tem seguido relativamente a uma possível ascensão laranja ao poder... Veja-se o caso do verdadeiro "press release" que o inefável António do Pranto conseguiu fazer publicar num semanário e onde exige que Passos Coelho "não limite o seu discurso político ao discurso da crise", ao mesmo tempo que reclama "firmeza" e implora que o PSD "chame pessoas para apresentar alternativas nas mais diferentes áreas".

quinta-feira, 3 de março de 2011

Desabafo...

ALGUÉM ACREDITA que a solução para o estado a que chegámos passa por uma mudança de governo ou de primeiro-ministro? Que passa por substituir José Sócrates por um Passos Coelho somado a um Paulo Portas em reprise, com a "cavacal figura" a pairar sobre tudo isto como quem nada tem a ver? Será difícil perceber que urge que apareça por aí alguém com um discurso e prática de ruptura, embora sustentada e racional? Será pedir muito? Anda muito boa gente por aí a brincar o fogo!