Os comentários a este blogue serão moderados pelo autor, reservando-se o mesmo a não reproduzir aqueles que pelo seu teor sejam considerados ofensivos ou contenham linguagem grosseira.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Valha-nos isso!

A INSÓLITA e desajustada mensagem presidencial teve um mérito. O de, finalmente, após quase um quarto de século de existência, o "cavaquismo" ter-se finado! Se alguém, após a noite do último domingo, ainda tivesse dúvidas, hoje teriam ficado dissipadas. Uff!

À espera...

DEPOIS DE ter, à posteriori, ouvido a declaração presidencial a propósito do abusivamente denominado "caso das escutas" (abusivamente porque nunca se falou de escutas no "sentido telefónico do termo", passe a expressão...) e as acusações de manipulação que foram feitas a dirigentes do Partido Socialista com o propósito de condicionar o resultado eleitoral do último domingo, fico a aguardar que, coerente e logicamente, o Presidente da República se recuse a indigitar o líder do partido mais votado como primeiro-ministro...

Opção consciente!


AO QUE parece Cavaco Silva vai fazer uma declaração às oito da noite. Presumo que o tema seja as tão propaladas "escutas" que ainda ninguém percebeu se são telefónicas ou de mesa para mesa nos restaurantes da Rua da Junqueira ou nos banquetes oficiais nas visitas presidenciais. Praticamente à mesma hora, Pedro Santana Lopes e a sua "Lisboa com Sentido" vão inaugurar uma grande exposição na Praça Afonso de Albuquerque, fronteira ao Palácio de Belém. Uma mostra do muito que Lisboa vai mudar nos próximos oito anos. Entre a declaração presidencial e a exposição, decididamente opto pela segunda!

Extraordinário!

NESTE PAÍS existem cada dia mais coincidências... Então não é que dois dias depois das eleições legislativas e onde o CDS se tornou "determinante" em arranjos de maioria parlamentar, as autoridades resolveram "visitar" três escritórios de advogados da capital, ao que se sabe todos eles relacionados de algum modo com a polémica adquisição dos submarinos no "consulado" de Paulo Portas no MInistério da Defesa. No mínimo, extraordinário!

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

A preocupação mora aqui...


A FORMA como ontem à noite José Sócrates "puxou" por António Costa reflecte bem a preocupação com que os socialistas encaram a cada vez mais improvável reeleição do actual "ministro para a capital", perdão, do actual presidente da Câmara Municipal de Lisboa. É que feitas as contas dos resultados eleitorais de ontem no concelho de Lisboa, os partidos que compõem a coligação "Lisboa com Sentido" de Pedro Santana Lopes obtiveram mais 20 mil votos que o PS...

Tostões e... furados


A BOA moeda! Viu-se...

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

A política do "kleenex"

A DECISÃO de Cavaco Silva em afastar um dos seus principais colaboradores e que com ele trabalhava há quase um quarto de século só surpreenderá quem não tem acompanhado o percurso do actual Presidente da República desde que surgiu na cena política, no início dos anos 80.
Cavaco Silva sempre foi useiro e vezeiro na chamada “política do kleenex”, ou seja, no que vulgarmente se denomina por “usar e deitar fora”. Entre valores e interesses pessoais, Cavaco jamais hesitou, optando sempre pelos últimos em detrimento do que mais nobre possui a política enquanto arte - a gratidão e a solidariedade. Desde que surgiu na cena política, Cavaco nunca hesitou em “deixar cair” quem pudesse (nem que fosse ao de leve...) comprometer as suas ambições. Sucedeu, por exemplo, com ministros como Miguel Cadilhe, Jorge Braga de Macedo e até Leonor Beleza, a quem na primeira oportunidade apontou a porta de saída dos seus governos; com Fernando Nogueira, que durante mais de uma década “ofereceu o corpo às balas” como seu “número dois” e a quem desmentiu publicamente uma semana antes das eleições que opunham este a António Guterres; com Pedro Santana Lopes, a quem como artífice da sua ascensão ao poder na Figueira da Foz deve em grande parte a liderança do PSD e contra quem não hesitou em alinhar numa campanha há muito não vista no nosso País quando este ocupava o cargo de primeiro-ministro; e até mesmo com Durão Barroso a quem, em 2001 e poucas semanas antes das eleições que haviam de conduzir ao poder o actual presidente da Comissão Europeia, foi incapaz de publicamente prestar apoio.
Agora foi a vez de Fernando Lima e, por arrasto, da sua amiga Manuela Ferreira Leite que na noite do próximo domingo e a confirmarem-se as expectativas sobre o que será um discreto resultado eleitoral bem pode responsabilizar Cavaco Silva por esse mesmo score. Mais uma vez, usando de um calculismo que lhe poderá vir a sair bem mais caro do que poderá supor, o actual chefe de Estado “sacrificou” colaboradores e amigos, sempre em nome de uma estratégia e ambição pessoais que começam a ser vistas com profunda desconfiança até mesmo por quem com ele sempre esteve.
Cavaco Silva tem de entender que teve a sorte de “estar no sítio certo no momento certo”: por exemplo, quando Sá Carneiro convidou Loureiro Borges para seu ministro das Finanças e este recusou, indicando-o para o lugar; quando, na Figueira da Foz, o seu partido suspirava por alguém alguém que fosse contraponto de uma liderança débil como tinham sido as de Balsemão, Mota Pinto ou Machete; quando se apresentou ao País após três anos e meio de um “bloco central” que deixou os portugueses praticamente em depressão; quando os cofres europeus se abriram de par em par, estando ele em S.Bento. E ao mesmo tempo tem de entender, de uma vez por todas, que “estar no sítio certo no momento certo” não implica necessariamente “ficar na História”. Para isso, é necessário lutar por algo, sacrificarmo-nos, possuir e privilegiar valores – não bastando usar e abusar de um calculismo que tem tanto de frio e cínico como de serôdio e provinciano. É isso que diferencia um Cavaco Silva de um Mário Soares, de um Sá Carneiro, de um Francisco Salgado Zenha, de um Adelino Amaro da Costa ou de um Ramalho Eanes, por exemplo. É é por isso que enquanto uns possuiem dimensão e “mundo”, outros nunca deixarão de ser umas aplicadas e certinhas personagens a quem não se lhes conheceu um rasgo ou um pensamento minimanente brilhante durante toda uma vida...

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

As atitudes de Cavaco

AO LONGO destes anos e sempre que se sente "apertado", Cavaco Silva tem mostrado que não hesita em "deixar cair" quem possa condicionar ou comprometer o seu percurso e as suas ambições. Foi em 1995 com Fernando Nogueira a quem "tirou o tapete" de uma forma inacreditável em plena campanha eleitoral; em 2001 quando, pelo silêncio, se demarcou de Durão Barroso; em 2004 quando foi um dos protagonistas da autêntica campanha de descredibilização que tentaram mover a Pedro Santana Lopes enquanto primeiro-ministro; e finalmente agora ao demitir um dos seus mais fiéis e dedicados colaboradores há mais de duas décadas, sem importar-se se essa sua atitude poderia prejudicar a sua amiga Manuela Ferreira Leite a menos de uma semana das eleições.
E já agora: quem conhece Fernando Lima sabe que ele nunca, repito nunca, protagonizaria um episódio como o revelado pelo "Diário de Notícias" sem o conhecimento e autorização de Cavaco Silva. Pelos vistos a ingratidão mora em Belém. E de que maneira...

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Quem não quer ser lobo...

EM TEMPO de demissões, exonerações e afastamentos (e com um bocadinho mais de tempo irei "interpretar" a decisão de Cavaco Silva em demitir Fernando Lima...) aguardo que o governo demita o seu embaixador na UNESCO, após Manuel Maria Carrilho ter desrespeitado as ordens que recebeu do Ministério dos Negócios Estrangeiros quanto ao sentido de voto na eleição do novo ditrector-geral. Não queria votar no egípcio Farouk Hosni? Das duas uma: ou pedia para ser chamado a Lisboa em serviço deixando a representação portuguesa entregue ao "número dois" da missão diplomática, ou então apresentava a sua demissão do cargo. É que "quem quer ser lobo não lhe veste a pele", n'é?

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Falta de pachorra e... de memória

AQUELE ACESSO súbito, desajustado, bacôco e reaccionário que Manuela Ferreira Leite protagonizou no debate com José Sócrates a propósito da suposta subordinação dos socialistas portugueses aos seus camaradas espanhóis a propósito do TGV cheira, antes de tudo, a mofo... Lembra outros tempos, outras gentes, outras mentalidades, traz à memória um Portugal pequenino, mesquinho, coitadinho, pobrezinho mas honrado. Definitivamente não há pachorra para essa estafada tese de que "de Espanha nem bom vento nem bom casamento", especialmente de quem ainda há alguns meses não se incomodava rigorosamente nada em integrar um conselho de administração de uma grande instituição bancária. No mínimo fica-lhe mal...

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

A lição das europeias

CORRE POR aí que PS e PSD dispõem de sondagens bastante credíveis que dão uma vantagem de cerca de 7 pontos de José Sócrates sobre Manuela Ferreira Leite - isto antes do debate de sábado e que dificilmente contribuiu para inverter essa tendência... Mas nem uns nem outros estariam muito interessados em "tirá-las da gaveta": os social-democratas porque os números são mais do que desalentadores; e os socialistas porque já aprenderam a "lição das europeias", quando um exagerado optimismo baseado em sondagens que lhes davam uma folgada vitória levou a que muito do seu eleitorado ficasse em casa e outros resolvessem dar uma "ajuda" ao Bloco de Esquerda. Citando o dr. Portas, "cautelas e caldos de galinha(...)"...

sábado, 12 de setembro de 2009

Vitórias que são derrotas...

A CONFIRMAREM-SE os prognósticos das sondagens (as publicadas e também das guardadas a "sete chaves" nas gavetas), a democracia portuguesa vai viver um momento ímpar na sua história de três décadas e meia. É que pela primeira vez os dois partidos que irão obter mais votos nas eleições de 27 de Setembro serão... os maiores derrotados desse acto eleitoral. Parece confuso, mas não é.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Sócrates vs. Louçã

DE HÁ uns meses a esta parte, especialmente após as eleições europeias, grande parte (para não dizer a imensa maioria…) dos nossos analistas políticos prognosticava e anunciava a “morte política” de José Sócrates, vaticinando uma mais do que certa derrota nas eleições legislativas de 27 de Setembro. E de facto o desaire sofrido nas europeias, somado às mil e uma “trapalhadas” em que o primeiro-ministro se viu envolvido nos últimos anos (o registo biográfico rasurado; a apressada e mal-amanhada licenciatura a um domingo numa universidade onde, para além dos professores serem amigos de longa data, lhe foi permitido fazer exames por fax(!); a assinatura de projectos de inenarráveis casas na Guarda que alegadamente não eram da sua autoria; o valor declarado na escritura de compra de um apartamento em Lisboa e que era aparentemente bastante inferior aos valores praticados pelo mercado imobiliário; e o já célebre e cada vez mais intrincado “caso Freeport”) e aos inúmeros conflitos que o seu governo protagonizou com algumas classes profissionais (professores, por exemplo) justificava de algum modo a lógica de quem, à partida, considerava o líder socialista como “condenado” a perder as eleições.

Confesso que nunca fui um grande seguidor dessa tese. Não porque considerasse despicientes todos os “casos” e polémicas que envolveram Sócrates e o seu governo, mas fundamentalmente porque há muito que reconheço ao actual chefe do governo uma notável capacidade de sobrevivência, em grande parte devido à obstinação, teimosia e determinação que caracterizam a sua personalidade. Outro no seu lugar dificilmente possuiria estrutura psicológica para suportar situações que, quer se queira quer não, tendem a debilitá-lo politica e pessoalmente como é o caso de todo o “folhetim” do licenciamento do “Freeport” de Alcochete e em que, por mais que negue o seu envolvimento, é continuamente salpicado pela evolução do processo que, desde que atravessou fronteiras, tem “arrastado” muitos dos que com ele trabalharam no Ministério do Ambiente. Isto já para não falar da sua surrealista licenciatura e cuja polémica conduziu mesmo ao encerramento de uma universidade… Mas Sócrates aguentou. Justificou o injustificável, vitimizou-se, chegou mesmo a conseguir passar de acusado a acusador. Reconheça-se: notável!

Vem isto a propósito do debate que assisti na última terça-feira e que opôs o primeiro-ministro a Francisco Louçã. O Sócrates que enfrentou o sempre bem-preparado líder do Bloco de Esquerda mostrou ser alguém que leva as coisas a sério, que tem um “killer instinct” próprio de um predador político e que “encostou às cordas” um adversário que raramente revela atabalhoamento (e Louçã revelou-o). No fundo, Sócrates revelou-se o que normalmente se denomina como “um politicão” – isto numa ocasião em que, estrategicamente, era fundamental “estancar” alguma fuga de votos que pode existir do seu eleitorado para a esquerda mais radical.

Posso estar enganado, mas “cheira-me” que na noite do próximo dia 27, José Sócrates, ainda que sem maioria absoluta, terá motivos para sorrir. Quanto mais não seja porque, lá mais para o fim do ano, irá conhecer o “seu” quinto líder do PSD desde que chegou a S.Bento…

in "+Cascais"

terça-feira, 8 de setembro de 2009

A verdade... em 1928


ALGUÉM AMIGO e com um natural apetite por estas coisas da História enviou-me esta verdadeira "pérola", datada de 1928 e que, quase cem anos depois, poderia facilmente ser subscrita por alguns dos protagonistas do nosso actual panoramo política. Mudam-se os tempos, não as vontades?

sábado, 5 de setembro de 2009

Se faz favor...

...ALGUÉM PODERÁ fazer a fineza de elucidar-me sobre a posição que Emídio Rangel tomou há cinco anos atrás acerca do fim dos comentários políticos de Marcelo Rebelo de Sousa na TVI? Aguardo ansioso...

José Sócrates, 2004 (II)

”Em seis anos que estive nos governos de António Guterres, nunca aconteceu uma coisa destas. Isto que se passou com o actual Governo foi mau demais(...)”

José Sócrates

José Sócrates, 2004 (I)


“(...)As críticas de membros do Governo aos comentários políticos de Marcelo Rebelo de Sousa e as eventuais interferências do executivo na saída desse comentador proporcionaram um espectáculo de enorme balbúrdia”.

José Sócrates


Quem com ferros mata...

ESTE "FOLHETIM" à volta do afastamento de Manuela Moura Guedes dos ecrãs da TVI faz-me recordar algo muito semelhante ao que ocorreu há uns anos atrás, mais concretamente em 2004. Quem não se lembra de toda a polémica que rodeou o "dossier Marcelo Rebelo de Sousa" durante o governo Santana Lopes, desde as inúmeras acusações de envolvimento governamental na suspensão dos comentários na estação televisiva de Queluz do professor até (mesmo) à inopinada intervenção presidencial, então de Jorge Sampaio, comentando o assunto? Só os protagonistas é que mudaram...