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sexta-feira, 27 de março de 2009

'Tá tudo doido!

UM AMIGO brasileiro, que esteve de passagem entre nós há apenas alguns dias, poucas horas depois de ter aterrado em Lisboa e após ter-se inteirado das “últimas” cá do burgo, não resistiu, um pouco a propósito de tudo e de nada, a comentar este estranho ambiente que nos rodeia (e em que vivemos…) com um divertido e certeiro “mas… ‘tá tudo doido!”. E ao longo dos três ou quatro dias que por cá passou não lhe faltaram oportunidades para repetir quase à exaustão esse desabafo que mais não era que um misto de expressão de incredulidade e gozo: “’Tá tudo doido!”. Por cada estória que lhe contávamos e que para nós até já assumia foros de normalidade, era certo e sabido que lá vinha ele: “mas… ‘tá tudo doido!” .- e isto sempre proferido com graça e numa pronúncia tentando imitar o português cá deste lado do Atlântico.
Vem tudo isto a propósito do meu jantar de domingo passado, num conhecido e hoje “muita na moda” restaurante de Lisboa. Deviam passar poucos minutos das dez da noite quando um grupo de três ou quatro sujeitos excentricamente vestidos, carregados de pulseiras, brincos e medalhões, entraram em fila indiana restaurante adentro, bonés enfiados na cabeça, ténis calçados e, salvo erro, um deles de óculos espelhados(!) sendo rapidamente conduzidos a uma mesa bem no centro da sala. Nem um quarto de hora deveria ter passado sobre a chegada dessa “trupe”, quando o dono do restaurante irrompeu pela sala, com ar afogueado e cumprimentando celeremente todos quantos o conheciam: “Olá, tive que interromper a minha folga… ‘tá a ver… tem que ser, n’é?”, justificava ele, enquanto se dirigia apressadamente para a mesa ocupada pelo estranho grupo que chegara tardiamente.
Mais interessado na conversa que estava mantendo com a minha companhia que propriamente nos convivas da mesa de trás, só quando – lá para a uma da manhã – me levantei para abandonar o restaurante é que me lembrei de tentar descortinar quem seriam os importantes “figurões” que tinham obrigado o dono do restaurante a interromper a sua (certamente) mais do que merecida folga e ir fazer as honras da (sua) casa. Primeiro de soslaio, depois um bocadinho mais descaradamente, lá me virei, tentando descobrir a identidade de tão importante personagem. Arriscará o leitor: um actor de Hollywood? Um conhecidíssimo cantor dos tops mundiais? Um extravagante príncipe árabe? Não, nada disso… A “personalidade” que obrigara o bom do dono do restaurante a interromper o seu descanso não era mais nem menos que um afamado futebolista que de tanto driblar ultimamente se tem fintado a si próprio e que, embora esta época, já tenha passado por dois “grandes” do futebol europeu, por junto não deve ter estado em campo mais de 30 ou 40 minutos…
De facto, o meu amigo Cavalcanti é que tem razão: “…‘tá (mesmo) tudo doido!”. Safa!
in "+Cascais", 27.03.09

terça-feira, 17 de março de 2009

Sempre ao dispôr!

NÃO RESISTO a chamar a atenção para o on-line do "Expresso" (http://www.expresso.pt/) , nomeadamente para o destaque, bem como dia e a hora de publicação do texto do jornalista Micael Pereira que referi no post anterior. Como também não resisto a, de forma singela, deixar aqui um sincero e franco "sempre ao dispôr"...

domingo, 15 de março de 2009

Um recado a Micael Pereira ou... "vão mas é dar banho ao cão!"

NÃO CONHEÇO (nem do eléctrico, como se diz) o jornalista Micael Pereira. Nunca o vi, se me cruzar com ele na rua não se quem é (já pareço o outro a falar do Manuel Pedro...), não faço a mínima ideia se é novo, velho, baixo, alto, louro ou moreno. Sei - isso sim - que já li alguns textos e reportagens da sua autoria e a impressão que me ficou é de ser alguém objectivo, sério, rígoroso e muito cuidadoso. Perguntei a duas ou três pessoas que o conhecem (pessoal e profissionalmente) e todos, sem excepção, confirmaram essa minha impressão. E hoje, passe o atrevimento e apesar de não o conhecer, não resisto a deixar-lhe aqui um recado: "Micael, andam a gozar consigo!". Quem, porquê? Eu respondo e sem qualquer hesitação: os responsáveis editoriais do "Expresso"! E querem saber porquê? Leiam o texto assinado esta semana pelo jornalista Micael Pereira sobre o "caso Freeport" no semanário dirigido pelo sr. Henrique Monteiro e que, entre outras coisas de idêntica importância, revela que desde o início as autoridades possuem uma escuta telefónica que refere um alegado pagamento de 500 mil euros a José Sócrates. Leiam, releiam e se tiverem dúvidas quanto à importância do mesmo e à proveniência dessa informação (está referida num dos oito volumes do processo de fuga de informação que o Tribunal Constititucional autorizou o jornalista a consultar, pelo que não me venham dizer que é boato, rumor, parte integrante de uma "campanha negra" ou lá de que côr for...), voltem a ler. E agora pergunto eu? Alguém sério, descomprometido relativamente a poderes e interesses consegue apresentar-me uma razão plausível para que esse texto esteja escondido, repito, escondido na página 22 (!) do semanário "Expresso" e nem uma simples e breve chamada de capa possua?! Ou será que a presença em Roma do poeta Manuel Alegre para apresentar a tradução italiana de um dos seus livros é mais importante? Ou que o dr. Portas vai a Londres "bater um papo" com David Cameron ou ir a Bruxelas rever Durão Barroso é mais importante que a revelação que existe uma escuta telefónica num processo que envolve o actual primeiro-ministro num alegado pagamento de "luvas"? E isto já para não falar da própria "manchete", acerca de um barco qualquer que o governo dos Açores comprou e no qual foram detectadas uma centena de anomalias... Não é que, como diz alguém, "ande tudo doido". Não! O que andam é a fazer de nós parvos... E passe a expressão, "vão mas é dar banho ao cão"!

António&Ricardo, Lda.


TENHO UM amigo, sempre muito atento aos detalhes e pormenores do muito que se vai passando, dizendo e vendo nos media e na política portuguesa que, de há uns tempo a esta parte, sempre que se refere à SIC chama-lhe a "Sociedade dos Irmãos Costa"... Tem graça e não ofende, n'é? Ou será que alguém se ofende? Também só faltava mais essa...

sábado, 14 de março de 2009

Mais uma trapalhada...

O PRIMEIRO-ministro arrica-se a entrar no "Guiness", tantas são as trapalhadas em que vê envolvido. Agora, através da TVI, ficámos a saber que José Sócrates não revelou os rendimentos nas declarações entregues entre 1999 e 2002 no Tribunal Constitucional, o que por lei e dado ser detentor de cargo político era obrigado a fazê-lo. Na altura dos factos, Sócrates era ministro e depois deputado. Estranhamente (ou talvez não...) nas declarações de 22/11/99, de 12/01/2001, 6/4/2002 e 12/4/2002, o campo dos rendimentos foi entregue em branco. Igualmente extraordinária é justificação dada por uma fonte do Tribunal Constitucional à TVI que justificou o facto daquela instituição nada ter feito por ninguém ter denunciado essas ilegalidades...

quinta-feira, 12 de março de 2009

Um grande abraço, João!

MORREU O meu amigo João Mesquita. Recordo-o como amigo, como antigo colega e como um dos mais entusiastas e militantes adeptos da nossa Académica. Podia escrever mil e uma coisas sobre o João, mas para quem o conheceu seria certamente redundante. Prefiro deixar aqui publicamente um beijinho à Clara e, ao João, aquele último grande abraço que não tive oportunidade de dar-lhe. Eferreá, João!

segunda-feira, 9 de março de 2009

Alguém pode responder?

ENTÃO JÁ ninguém fala do tal "quinto canal" de televisão?

O nervosismo de António Costa

CONHEÇO HÁ pelo menos quarenta anos o actual presiente da Câmara de Lisboa António Costa. Não sei se chegámos a brincar ao índios e "cowboys" , a jogar à bola, ao berlinde ou à "apanhada", mas lembro-me das muitas vezes que coincidimos, com os nossos pais, nas festas em casas de amigos comuns e das muitas horas que passámos juntos enquanto miúdos. Não sendo propriamente seu íntimo, conheço-o suficientemente bem para perceber que ultimamente ele está francamente nervoso. E não é pouco... Estive há momentos a ler parte da entrevista que concedeu este fim-de-semana à Rádio Comercial e ao "Correio da Manhã" e nem quis acreditar no tom usado, na irritação desmedida, na forma como trata e responde aos jornalistas, sempre com "sete pedras na mão", usando e abusando de uma linguagem própria de alguém que se sente acossado, cercado, desconfiando de tudo e de todos. Já nem falo da parte referente às eleições para a Câmara de Lisboa (aí eu sou suspeito...), bastou-me ler a argumentação usada relativamente ao "caso Freeport" para perceber que o meu amigo António Costa está num estado que os portugueses definem com alguma graça como "à rasca". Acontece...

A desaustinada ambição de voltar a ser ministro...


PODEMOS GOSTAR ou não de Manuel Alegre. Admito mesmo que exista quem não goste dele como político, que discorde das suas posições; que o deteste enquanto poeta, achando-o de "rima fácil"; quem abomine as suas barbas ou a sua voz; ou, por exemplo, quem se irrite com a sua paixão pela caça. Agora ouvir alguém, como José Lello, que fez a sua carreira política a contar anedotas e a ter-se a si próprio em grande conta, brindando-nos amiúde com banalidades bacôcas e servis, a questionar o "carácter" de Alegre é algo que nem a desaustinada ambição de voltar a ser ministro pode justificar...

Tudo, menos honesto...

NÃO ACREDITO que José Sócrates não se tenha deliciado com os resultados do último "barómetro" do semanário "Expresso", especialmente no que diz respeito ao que os portugueses alegamente parecem pensar das suas capacidades quando comparadas com as de Manuela Ferreira Leite. É que, em seis das sete questões, o líder socialista "arrasa" a presidente do PSD: na competência para governar (57,7-14,8%); no conhecimento dos problemas do país (64,3-16%); no conhecimento dos problemas europeus e mundiais (63,7-12,8%); na liderança (68,8-12,6%); na determinação (72,6-13,7%); e na arrogância (59,9%-22,4%). Resta a Manuela Ferreira Leite um consolo - e não é pequeno...: é que quanto à honestidade, os portugueses consideram-na mais honesta que Sócrates (36,8-32,7%). Palavraa para quê? É o país que temos e só não percebe quem não está atento a fenómenos como os de Felgueiras, Gondomar e outros do género...

terça-feira, 3 de março de 2009

O último guerrilheiro


MORREU ONTEM aquele que era o "último guerrilheiro" no poder de uma ex-colónia portuguesa. Manhoso, arguto, desconfiado, "mula", João Bernardo "Nino" Vieira foi assassinado na sequência de uma interminável luta pelo poder num país hoje à beira de se desintegrar e, em consequência dos graves conflitos étnicos, ser "anexado" pelos seus principais vizinhos - o Senegal e a Guiné-Conakry.
Conheci Nino Vieira durante o seu exílio em Portugal, mais concretamente na véspera das eleições legislativas de 2004, quando tentei que a facção que ele "controlava" no PAIGC e que era liderada por Aristides Gomes se "sentasse á mesa" com a coligação "Plataforma Unida", liderada por Hélder Vaz. Eram porventura os sectores políticos mais "pró-portugueses" e o nosso País só tinha a lucrar se ambos se entendessem antes das eleições e Nino era essencial para esse propósito. E diga-se de passagem, isso só não aconteceu porque um conselheiro da embaixada de Portugal em Bissau que se tinha oferecido como "discreto anfitrião" dessa reunião, porventura por perceber a certa altura que desse encontro poderia resultar algum prejuízo nas suas "negociatas" de caju que mantinha com destacados diriigentes da outra linha do PAIGC, resolveu contar a meio-mundo que ia reunir, à mesa, Aristides Gomes e Hélder Vaz. Resultado? Furioso pela indiscrição do funcionário português, Aristides não compareceu e, a partir daí, furtou-se a qualquer contacto...
Bom, mas voltando a Nino Vieira e embora não valha a pena, como se diz, "chorar sobre leite derramado", este desenlace era mais do que previsível, desde que Nino regressou a Bissau e viu-se "obrigado" a aceitar como chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas ao general de origem balanta Tagmé Na Waie e que, na presença do próprio Nino, tinha sido torturado em meados da década de 90 e a quem, segundo se contava em Bissau, o próprio presidente teria esmagado os testículos numa gaveta... Apesar dos abraços públicos, dos sorrisos para os fotógrafos, os dois homens odiavam-se e estava escrito que, mais tarde ou mais cedo, iriam-se confrontar.´
Na Waie foi o primeiro a ser assasinado, vítima de um atentado á bomba no seu próprio gabinete, poucas horas antes do assalto à residência de Nino Vieira. Conhecendo este, alguém acredita que o atentado contra o chefe militar pudesse ter sido ordenado pelo próprio Nino e este se mantivesse serenamente na sua casa, como que à espera da retaliação das forças balantas? Impossível! Nino foi assassinado por quem quis afastar de vez estes dois inimigos da cena política guineense e deixar aberto caminho para o controlo político-militar. Não irá ser preciso aguardar pelos resultados de mais uma "comissão de inquérito", basta estar atento à evolução e ao inevitável "jogo de cadeiras" que terá lugar em Bissau, para percebermos quem de facto matou Nino Vieira...